Quarta, 12 de maio de 2021

(At 17,15.22—18,1; Sl 148; Jo 16,12-15) 

6ª Semana da Páscoa.

“Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará” Jo 16,14.

“Na mensagem de Jesus nem tudo é explícito. Ela é como uma semente. Está cheia de potencialidade, muitas vezes, insuspeitadas. Vendo-se a semente não se adverte da grandiosidade da árvore contida germinalmente nela. Cabe ao Espírito conduzir os discípulos na descoberta das riquezas da prática de Jesus e do seu evangelho. Ele toma do que é de Jesus e abre os horizontes de sua compreensão que poderá vir séculos após. Demos apenas um exemplo. Jesus fala no evangelho: eu e o Pai somos uma coisa só; noutro lugar se diz que uma energia saia de Jesus que até surpreendia e que curava as pessoas, como a mulher do fluxo de sangue. A comunidade dos discípulos, especialmente no século III e IV, compreendeu claramente que aqui se tratava da SS. Trindade. Na figura de Jesus se encontra revelado esse mistério fontal do cristianismo. Ele se dirige sempre a Deus como a seu pai. Quem diz Pai se sente Filho. Essa é a consciência de Jesus. Da vida, da palavra e da prática de Jesus se irradia uma força que transforma as pessoas. Era a presença do Espírito nele. Só depois de muita reflexão e discussão os cristãos conseguiram formular corretamente o mistério da SS. Trindade: três pessoas divinas, distintas, mas unidas pelo amor e pela interpenetração de umas com as outras a ponto de se uni-ficarem e ficar um só Deus-comunhão e um só Deus-amor. Eis a obra do Espírito: tomar do que é de Jesus e dá-lo a conhecer em seus desdobramentos ainda abertos para o futuro. – Oh Espírito de luz e de todo conhecimento: abre-nos a mente para as profundidades do mistério da comunhão divina. Mas infunde-nos principalmente o amor que nos une ao que compreendemos para podermos também participar da comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Amém (Leonardo Boff – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite