(At 17,15.22—18,1; Sl 148; Jo 16,12-15)
6ª Semana da Páscoa.
“Ele me glorificará,
porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará” Jo 16,14.
“Na mensagem de Jesus
nem tudo é explícito. Ela é como uma semente. Está cheia de potencialidade,
muitas vezes, insuspeitadas. Vendo-se a semente não se adverte da grandiosidade
da árvore contida germinalmente nela. Cabe ao Espírito conduzir os discípulos na
descoberta das riquezas da prática de Jesus e do seu evangelho. Ele toma do que
é de Jesus e abre os horizontes de sua compreensão que poderá vir séculos após.
Demos apenas um exemplo. Jesus fala no evangelho: eu e o Pai somos uma coisa
só; noutro lugar se diz que uma energia saia de Jesus que até surpreendia e que
curava as pessoas, como a mulher do fluxo de sangue. A comunidade dos
discípulos, especialmente no século III e IV, compreendeu claramente que aqui
se tratava da SS. Trindade. Na figura de Jesus se encontra revelado esse mistério
fontal do cristianismo. Ele se dirige sempre a Deus como a seu pai. Quem diz
Pai se sente Filho. Essa é a consciência de Jesus. Da vida, da palavra e da
prática de Jesus se irradia uma força que transforma as pessoas. Era a presença
do Espírito nele. Só depois de muita reflexão e discussão os cristãos
conseguiram formular corretamente o mistério da SS. Trindade: três pessoas
divinas, distintas, mas unidas pelo amor e pela interpenetração de umas com as
outras a ponto de se uni-ficarem e ficar um só Deus-comunhão e um só Deus-amor.
Eis a obra do Espírito: tomar do que é de Jesus e dá-lo a conhecer em seus
desdobramentos ainda abertos para o futuro. – Oh Espírito de luz e de
todo conhecimento: abre-nos a mente para as profundidades do mistério da
comunhão divina. Mas infunde-nos principalmente o amor que nos une ao que
compreendemos para podermos também participar da comunhão com o Pai, o Filho e
o Espírito Santo. Amém” (Leonardo Boff – Graças a Deus [1995]
– Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite