Sexta, 28 de maio de 2021

(Eclo 44,1.9-13; Sl 149; Mc 11,11-26) 

8ª Semana do Tempo Comum.

“Tendo sido aclamado pela multidão, Jesus entrou no templo, em Jerusalém, e observou tudo.

Mas, como já era tarde, saiu para Betânia com os doze” Mc 11,11.

“Marcos engastou habilmente uma cena dentro da outra. Estamos novamente diante da assim chamada estrutura em forma de sanduiche que é típica do estilo de Marcos. A primeira cena da maldição da figueira causa dificuldades de entendimento a muitos leitores. A verdadeira intenção de Marcos só se esclarece quando se considera o pano de fundo oferecido pelo Antigo Testamento. Jesus certamente não amaldiçoa a figueira porque esteja aborrecido pelo fato de não poder saciar sua fome com seus frutos. Seria um abuso de seu poder e expressão de uma mentalidade mesquinha. A figueira – com sua copa frondosa, mas sem frutos – é um símbolo de Israel. O profeta Miquéias já se queixava pelo fato de não encontrar frutos na figueira, porque os justos desapareceram do país (Mq 7,1ss). Ligando a maldição da figueira À expulsão dos vendedores do Templo, Marcos mostra que não se trata da figueira em si e sim do próprio Templo: ‘Jesus anuncia o fim da ordem religiosa estabelecida’ (Iersel, 189). Assim como a figueira não carrega de frutos, o Templo também está ressequido com toda ordem religiosa que ele representa. Transformando-se num espaço em que vendedores e cambistas obtêm seus lucros, deixou de ser um lugar de oração e do encontro sincero com Deus. Essa atitude crítica de Jesus com relação ao Templo questiona também nossa própria religiosidade: toda a agitação que se verifica às vezes em torno das coisas sagradas. Quando rezo estou realmente interessado em falar com Deus, ou faço uso de Deus para meu próprio bem? Esse é um perigo que ronda toda religiosidade: servir-se de Deus. Para Jesus, a única espiritualidade que condiz com Deus é aquela que dá frutos e servem de alimento aos seres humanos” (Anselm Grün – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite