(Eclo 44,1.9-13; Sl 149; Mc 11,11-26)
8ª Semana do Tempo Comum.
“Tendo sido aclamado
pela multidão, Jesus entrou no templo, em Jerusalém, e observou tudo.
Mas, como já era
tarde, saiu para Betânia com os doze” Mc 11,11.
“Marcos engastou
habilmente uma cena dentro da outra. Estamos novamente diante da assim chamada
estrutura em forma de sanduiche que é típica do estilo de Marcos. A primeira
cena da maldição da figueira causa dificuldades de entendimento a muitos leitores.
A verdadeira intenção de Marcos só se esclarece quando se considera o pano de
fundo oferecido pelo Antigo Testamento. Jesus certamente não amaldiçoa a
figueira porque esteja aborrecido pelo fato de não poder saciar sua fome com
seus frutos. Seria um abuso de seu poder e expressão de uma mentalidade
mesquinha. A figueira – com sua copa frondosa, mas sem frutos – é um símbolo de
Israel. O profeta Miquéias já se queixava pelo fato de não encontrar frutos na
figueira, porque os justos desapareceram do país (Mq 7,1ss). Ligando a maldição
da figueira À expulsão dos vendedores do Templo, Marcos mostra que não se trata
da figueira em si e sim do próprio Templo: ‘Jesus anuncia o fim da ordem
religiosa estabelecida’ (Iersel, 189). Assim como a figueira não carrega de
frutos, o Templo também está ressequido com toda ordem religiosa que ele
representa. Transformando-se num espaço em que vendedores e cambistas obtêm
seus lucros, deixou de ser um lugar de oração e do encontro sincero com Deus.
Essa atitude crítica de Jesus com relação ao Templo questiona também nossa
própria religiosidade: toda a agitação que se verifica às vezes em torno das
coisas sagradas. Quando rezo estou realmente interessado em falar com Deus, ou
faço uso de Deus para meu próprio bem? Esse é um perigo que ronda toda
religiosidade: servir-se de Deus. Para Jesus, a única espiritualidade que
condiz com Deus é aquela que dá frutos e servem de alimento aos seres humanos” (Anselm Grün
– Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite