Segunda, 24 de maio de 2021

(Gn 3,9-15.20; Sl 86[87]; Jo 19,25-34) 

Maria, mãe da Igreja.

“Depois disse ao discípulo: ‘Esta é a tua mãe’. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo”

Jo 19,27.

“Nasceu daqui a tradição popular segundo a qual Maria teria acompanhado João até a Ásia Menor e teria falecido em Éfeso. Ainda hoje, a oito quilômetros de distância das célebres ruínas de Éfeso, se ergue sobre um monte, um bosque muito fresco, uma pequena igreja associada idealmente à residência de Maria e João em Éfeso. Mas a hipótese é frágil, até porque a tradição joanina de Éfeso só se pode associar ao Apóstolo de forma indireta, através de uma referência ao seu padroado, valorizado pelos fundadores daquela e das outras igrejas da Ásia Menor. Por isso, seria atendível a tradição da morte de Maria em Jerusalém, atestada aqui pela atual basílica da Assunção situada nas imediações do Getsêmani. Além disso, uma vez que escolhemos considerar o jogo das alusões simbólicas gratas ao quarto evangelista, apercebemo-nos que o termo idia – [‘ter consigo’ (pode significar ‘casa, propriedade, pátria’)] – pode ter um outro valor. No prólogo do evangelho, de fato, o termo indica ‘os seus’, a sua gente, isto é, o povo a que Jesus pertencia: ‘Veio para o que era seu, mas os seus não O reconheceram’ (1,11). E no limiar da morte de Jesus, João introduz a sua narração assim: ‘Sabendo bem que tinha chegado a sua hora da passagem deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até o extremo’ (13,1). A frase que encerra a cena do Calvário está, então, carregada de uma ressonância ulterior: Maria e o discípulo não só terão a mesma residência como viverão em comunhão de fé e de amor precisamente como o cristão que acolhe e vive em comunhão profunda com a Igreja sua mãe. Mariologia e eclesiologia entrelaçam-se, portanto, intimamente aos pés da cruz de Cristo” (Gianfranco Ravasi – Os Rostos de Maria – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite