(Sf 3,14-18; Sl Is 12; Lc 1,39-56)
Visitação de Nossa Senhora.
“Naqueles dias, Maria
partiu para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente,
a uma cidade da
Judeia” Lc 1,39.
“Após a anunciação do
anjo, Maria sai (apressadamente, diz S. Lucas) para fazer uma visita à sua
prima Isabel e prestar-lhe serviços. Ajuntando-se provavelmente a alguma
caravana de peregrinos que vão a Jerusalém, passa a Samaria e atinge Ain-Karin,
na Judeia, onde mora a família de Zacarias. É fácil imaginar o sentimento que
povoam sua alma na meditação do mistério anunciado pelo anjo. São sentimentos
de humilde gratidão para com a grandeza e bondade de Deus, que Maria expressará
‘do amor jubiloso que canta e louva o amado’ (diz Bernardino de Sena): ‘A minha
alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador...’ A
presença do Verbo encarnado em Maria é causa de graça para Isabel que,
inspirada, percebe os grandes mistérios que se operam na jovem prima, a sua
dignidade de Mãe de Deus, a sua fé na palavra divina e a santificação do
precursor, que exulta de alegria no ventre da mãe. Maria ficou com Isabel até o
nascimento de João Batista, aguardando provavelmente outros oito dias para a
imposição do nome. Aceitando esta contagem do período passado junto coma prima
Isabel, a festa da Visitação, de origem franciscana (os frades menores já a
celebravam em 1263), era celebrada a dois de julho, isto é, ao término da
visita de Maria. Teria sido mais lógico colocar a memória depois do dia 25 de
março, festa da Anunciação, mas procurou-se evitar que caísse no período
quaresmal. A festa foi depois estendida a toda a Igreja Latina pelo papa Urbano
VI para propiciar coma intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos
divididos pelo grande cisma do Ocidente. O sínodo de Basiléia, na sessão de 1º
de julho de 1441, confirmou a festividade da Visitação, não aceita, no início
pelos estados que defendiam o antipapa. O atual calendário litúrgico, não
levando em conta a cronologia sugerida pelo episódio evangélico, abandonou a
data tradicional de 2 de julho (antigamente a Visitação era celebrada também em
outras datas) para fixar-lhe a memória no último dia de maio, como coroação do
mês que a devoção popular consagra ao culto particular da Virgem. ‘Na
Encarnação – comenta são Francisco de Sales – Maria se humilha
confessando-se serva do Senhor... Porém, Maria não fica só na humilhação diante
de Deus, pois sabe que a caridade e a humildade não são perfeitas se não passam
de Deus ao próximo. Não é possível amar a Deus que não vemos, se não amamos os
homens que vemos. Essa parte realiza-se na Visitação’” (Mario Sgarbosa
e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite