Pentecostes – Missa do Dia

(At 2,1-11; Sl 103[104]; 1Cor 12,3-7.12-13; Jo 20,19-23).

1. “Pentecostes” pode ser uma palavra que ainda ressoe estranhe e enigmática aos nossos ouvidos. Ela nos vem do grego e significa ‘quinquagésimo dia’ a partir da páscoa. É um dia importante para a Igreja, pois recorda o dia em que se deu o evento prodigioso da descida do Espírito Santo sobre a Igreja.

2. A 1ª leitura se refere a este evento com uma serie de imagens que fazem referências ao AT: barulho ou tremor, ventania, fogo, onde se descrevia com as mesmas uma intervenção extraordinária de Deus. Aqui também está colocada a sua relação com a festa hebraica de Pentecostes, onde se celebrava os primeiros dons da colheita e depois passou a se celebrar o dom da Lei de Moisés no Monte Sinai.

3. Nessa ligação dos fatos, afirmamos essa manifestação da força divina que transformou radicalmente os Apóstolos e os fez anunciadores e testemunhas do Evangelho, com todas as suas consequências. O dom do Espírito traz uma linguagem nova que alcança a todos e é capaz de fazê-los um só corpo, um só povo, em Cristo. Referência a Igreja.

4. Esse novo povo é regido por uma lei não tanto exterior, como a de Moisés, mas interior, que vem do Espírito Santo.

5. O Evangelho traz um significado profundo, mais teológico que histórico, para esse acontecimento, sem se ater a questões cronológicas. Ele coloca uma estreita relação entre Pentecostes e Páscoa, para nos dizer que o Espírito é dom do Ressuscitado à sua Igreja, logo no 1º dia da Ressurreição.

6. Ele coloca o dom do Espírito em estreita relação com a missão confiada aos apóstolos e a própria Igreja em continuidade com a missão de Cristo: assim como o Pai me enviou, eu envio vocês. Como tal missão supera a capacidade humana, esta não poderia se dar sem a assistência do Espírito.

7. João vê o dom do Espírito em conexão com esse poder dado aos Apóstolos de libertar o homem da escravidão do pecado e regenerá-lo à vida nova da graça. Mas essa missão da Igreja em favor da humanidade só pode acontecer enquanto nela a força do Espírito Santo.

8. Paulo, na 1ª leitura, desenvolve um discurso mais em linha pastoral, mais personalizado e fala da ação do Espírito na vida de cada crente. Lembra-nos que é Ele que acende em nós a luz da fé. Sem ele não reconhecemos o senhorio de Jesus.

9. O Espírito enriquece cada fiel com dons particulares (carismas) para o crescimento da comunidade. O faz membro do Corpo, que é a Igreja, eliminado toda e qualquer distinção de raça, condição social, etc.

10. De tudo isso devemos compreender que o Espírito Santo é uma realidade permanente na Igreja, goza sempre de sua assistência. Que devemos ser serenos e confiantes, apesar das provas e tempestades que se levantam nela e contra ela. Sem perdemos de vista esse deixar-se guiar pela Igreja.

11. Compreender a necessidade desse Espírito de unidade, para que vença em nós toda discórdia ou divisão. Que cada um recebeu seus dons do Espírito Santo. Mas será que os reconhecemos? Será que sabemos agradecer? Será que os colocamos a serviço dos outros?

12. Também nós somos chamados a ser testemunhas de Cristo e do seu evangelho em nossa busca da santidade pessoal e por nossas obras. Por tudo isso, busquemos nutrir uma devoção particular ao Espírito Santo, porque sem ele nada podemos fazer, sem sua luz, sem sua força, sem sua consolação.  (Vem Espírito, oh, vem Espírito...). 

Pe. João Bosco Vieira Leite