Terça, 11 de maio de 2021

(At 16,22-34; Sl 137[138]; Jo 16,5-11) 

6ª Semana da Páscoa.

“Paulo e Silas responderam: ‘Crê no Senhor Jesus, e sereis salvos tu e todos os de tua família’” At 16,31.

“Fácil. Facílimo. O maior problema da humanidade resolvido, assim num piscar de olhos: crer, só crer. Aquele carcereiro da cidade de Filipos, homem duro, severo, com certeza ignorante dos direitos humanos e, ainda que os conhecesse, transgressor usual deles, em palavras afiadas e chicotadas ainda mais agudas, se vê em extrema dificuldade quando, após o terremoto, imagina os prisioneiros fugindo e tenta matar-se, pois o dever do carcereiro era manter os prisioneiros na cadeia custasse o que custasse. Não fazê-lo era morte certa. E, então, vendo a cadeia aberta, apavorado, mas vendo igualmente os prisioneiros no lugar, faz a pergunta mais angustiante: ‘Senhores, o que devo fazer para me salvar?’ Fácil, diriam os missionários. Crê – só isso. Nada mais que isso. Mas essa facilidade é apenas a ponta do iceberg que é a salvação. Sobre essa questão, Jesus já havia dito que o impossível para os seres humanos é possível para Deus (Mt 19,26). E esse possível é o amor, é a graça, que o próprio Jesus revelara a Nicodemos: ‘Deus amou tanto o mundo que entregou o Filho Unigênito para que todo aquele que crer nele não pereça, mas tenha a vida eterna’ (Jo 3,16). É tudo graça, apenas graça. Mas, se a graça é fácil, ela não é barata. Ela assume dimensões trágicas ao verificarmos que ela custou a Deus e a seu Filho a morte deste na cruz. Deus e seu Filho se empenharam totalmente na salvação da humanidade. O Cristo de Deus se sacrificou no madeiro para nos libertar de nossa culpa. Nada, pois, que possamos fazer a não ser aceitar, a não ser crer. E crer plenamente! Esse crer por inteiro significa uma aceitação real, uma transformação operada pelo Espírito Santo, uma vivência dessa fé, o que, às vezes, é tão difícil que se torna para nós impossível se não fosse a graça divina, que nos envia o seu Espírito para nos assistir em todos os momentos. – Senhor, tudo o que nos dá é graça. Dá-nos, portanto, a graça de não transformar-nos essa graça numa desgraça ainda maior. Amém (Martinho Lutero Hoffmann Filho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite