(At 16,22-34; Sl 137[138]; Jo 16,5-11)
6ª Semana da Páscoa.
“Paulo e Silas
responderam: ‘Crê no Senhor Jesus, e sereis salvos tu e todos os de tua
família’” At 16,31.
“Fácil. Facílimo. O
maior problema da humanidade resolvido, assim num piscar de olhos: crer, só
crer. Aquele carcereiro da cidade de Filipos, homem duro, severo, com certeza
ignorante dos direitos humanos e, ainda que os conhecesse, transgressor usual
deles, em palavras afiadas e chicotadas ainda mais agudas, se vê em extrema
dificuldade quando, após o terremoto, imagina os prisioneiros fugindo e tenta
matar-se, pois o dever do carcereiro era manter os prisioneiros na cadeia
custasse o que custasse. Não fazê-lo era morte certa. E, então, vendo a cadeia
aberta, apavorado, mas vendo igualmente os prisioneiros no lugar, faz a
pergunta mais angustiante: ‘Senhores, o que devo fazer para me salvar?’ Fácil,
diriam os missionários. Crê – só isso. Nada mais que isso. Mas essa facilidade
é apenas a ponta do iceberg que é a salvação. Sobre essa questão, Jesus já
havia dito que o impossível para os seres humanos é possível para Deus (Mt
19,26). E esse possível é o amor, é a graça, que o próprio Jesus revelara a
Nicodemos: ‘Deus amou tanto o mundo que entregou o Filho Unigênito para que
todo aquele que crer nele não pereça, mas tenha a vida eterna’ (Jo 3,16). É
tudo graça, apenas graça. Mas, se a graça é fácil, ela não é barata. Ela assume
dimensões trágicas ao verificarmos que ela custou a Deus e a seu Filho a morte
deste na cruz. Deus e seu Filho se empenharam totalmente na salvação da
humanidade. O Cristo de Deus se sacrificou no madeiro para nos libertar de
nossa culpa. Nada, pois, que possamos fazer a não ser aceitar, a não ser crer.
E crer plenamente! Esse crer por inteiro significa uma aceitação real, uma
transformação operada pelo Espírito Santo, uma vivência dessa fé, o que, às
vezes, é tão difícil que se torna para nós impossível se não fosse a graça
divina, que nos envia o seu Espírito para nos assistir em todos os momentos.
– Senhor, tudo o que nos dá é graça. Dá-nos, portanto, a graça de não
transformar-nos essa graça numa desgraça ainda maior. Amém” (Martinho
Lutero Hoffmann Filho – Meditações para o dia a dia [2017] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite