Terça, 04 de maio de 2021

(At 14,19-28; Sl 144[145]; Jo 14,27-31) 

5ª Semana da Páscoa.

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo.

Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” Jo 14,27.

“Todos querem a paz. Ela é um dos bens mais escassos hoje em todas as partes da humanidade. Nem a paz da alma e das consciências nos é dada com facilidade. Ocorre que a paz não pode ser querida diretamente. A paz não é um bem que existe em si mesmo. Ela resulta sempre de outros bens que devem ser prévios à paz. Se queremos a paz devemos cuidar de viver e de realizar os valores que têm como consequência a paz. Sem isso caímos em profunda ilusão. É a paz do mundo, segundo Jesus, fruto de acertos entre os poderosos, paz ilusória da droga, do consumismo fácil de bens materiais, de entretenimentos do espetáculo do mundo organizado pela máquina do prazer sensorial dos meios de comunicação e de diversão. A paz que Jesus nos quer dar se baseia em primeiro lugar na justiça. A justiça é o amor mínimo que devemos ao outro sem o qual nossa relação deixa de ser humana e passa a ser de dominação e opressão. Depois é o que supera a justiça, o amor e a amizade para com todos com os quais nos relacionamos. Amor e amizade supõem a capacidade de confiança, de acolhida do diferente de nós mesmos e de entrega sem segundas intenções ao outro. Em terceiro lugar, a paz é fruto do perdão. Perdoar é a capacidade de autossuperação; é não permitir que o não prevaleça sobre o sim e que o ódio tenha a última palavra. Se tentarmos sempre de novo viver a justiça, o amor e o perdão a nível pessoal e coletivo, então como fruto bom gozaremos de paz, aquela que subsiste no meio de todo tipo de perturbações e intimidações. – Senhor, dá-nos a força interior de sempre orientar nossa vida pela justiça, pelo amor e pelo perdão. Faça-nos fortes na busca destes dons, pois somente assim mereceremos receber a paz que só Tu podes dar, paz que se mantém no meio de todos os vendavais de nossa vida. Amém (Leonardo Boff – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite