(At 14,19-28; Sl 144[145]; Jo 14,27-31)
5ª Semana da Páscoa.
“Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo.
Não se perturbe nem
se intimide o vosso coração” Jo 14,27.
“Todos querem a paz.
Ela é um dos bens mais escassos hoje em todas as partes da humanidade. Nem a
paz da alma e das consciências nos é dada com facilidade. Ocorre que a paz não
pode ser querida diretamente. A paz não é um bem que existe em si mesmo. Ela
resulta sempre de outros bens que devem ser prévios à paz. Se queremos a paz
devemos cuidar de viver e de realizar os valores que têm como consequência a
paz. Sem isso caímos em profunda ilusão. É a paz do mundo, segundo Jesus, fruto
de acertos entre os poderosos, paz ilusória da droga, do consumismo fácil de
bens materiais, de entretenimentos do espetáculo do mundo organizado pela
máquina do prazer sensorial dos meios de comunicação e de diversão. A paz que
Jesus nos quer dar se baseia em primeiro lugar na justiça. A justiça é o amor
mínimo que devemos ao outro sem o qual nossa relação deixa de ser humana e
passa a ser de dominação e opressão. Depois é o que supera a justiça, o amor e
a amizade para com todos com os quais nos relacionamos. Amor e amizade supõem a
capacidade de confiança, de acolhida do diferente de nós mesmos e de entrega
sem segundas intenções ao outro. Em terceiro lugar, a paz é fruto do perdão.
Perdoar é a capacidade de autossuperação; é não permitir que o não prevaleça
sobre o sim e que o ódio tenha a última palavra. Se tentarmos sempre de novo
viver a justiça, o amor e o perdão a nível pessoal e coletivo, então como fruto
bom gozaremos de paz, aquela que subsiste no meio de todo tipo de perturbações
e intimidações. – Senhor, dá-nos a força interior de sempre orientar
nossa vida pela justiça, pelo amor e pelo perdão. Faça-nos fortes na busca
destes dons, pois somente assim mereceremos receber a paz que só Tu podes dar,
paz que se mantém no meio de todos os vendavais de nossa vida. Amém” (Leonardo Boff
– Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite