(At 1,15-17.20-26; Sl 112[113]; Jo 15,9-17)
São Matias, apóstolo.
“Este é o meu
mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” Jo 15,12.
“Amai-vos uns aos
outros [...]”. Falar é fácil, difícil... de fato, para Jesus era fácil repetir
essa frase até à exaustão. Ele era Deus, tinha todo o poder no céu e na terra.
Ninguém poderia contradizê-lo. Então, tudo bem: amai-vos uns aos outros, a fim
de papo. Amai-vos. O ‘amai-vos uns aos outros’, porém, não tinha essa conotação
vertical, dura hierárquica. Jesus falou como um mestre e amigo a amigos
íntimos. Não deu uma lei no sentido comum de que a lei mata, ou seja, ou cumpre
totalmente, ou morre. Jesus deu mais um conselho a quem já decidira cumpri-lo.
Afinal, já estavam com Ele há três anos, já tinham visto seus milagres e ouvido
suas palavras. Nada mais natural que dissesse tais palavras com sua habitual
entonação: ‘amai-vos uns aos outros’. Mas o ‘amai-vos uns aos outros’ tinha um
outro componente: ‘assim como eu vos amei’. Esse fim de frase não era apenas um
rabicho inconsequente, uma espécie de flor de estilo. De jeito nenhum! Era a
essência do seu amor. Sendo assim, logo nos perguntamos: Qual era o tipo de
amor de Cristo? Era um amor simplório, babaca, pronto a marcar festinhas
pescarias no mar da Galileia? Ou era um amor grave, pegajoso, pronto para subir
numa cruz em favor dos discípulos? Qual era a espécie de amor que Ele tinha aos
seus discípulos? É bem verdade que a cruz ainda não havia acontecido. Até o
momento era ela apenas um instrumento de morte, e só os bandidos a
experimentavam. Mas a cruz rondava o horizonte. A oposição a Jesus era algo
muito forte, e Jesus a provocava: expulsão dos vendilhões do Templo e mil e uma
discussões com fariseus e saduceus. E, pelo andar da carruagem, a cruz ia se
aproximando. – Senhor Jesus, ao nos mandares amar-nos uns aos outros,
certamente querias um amor efetivo, um amor que não recuasse diante de nada e
não recusasse nenhum tipo de serviço. Perdoa-nos por sermos tão reticentes e
reflete em nossos olhos a tua cruz. Amém” (Martinho Lutero Hoffmann
Filho – Meditações para o dia a dia [2017] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite