Sexta, 14 de maio de 2021

(At 1,15-17.20-26; Sl 112[113]; Jo 15,9-17) 

São Matias, apóstolo.

“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” Jo 15,12.

“Amai-vos uns aos outros [...]”. Falar é fácil, difícil... de fato, para Jesus era fácil repetir essa frase até à exaustão. Ele era Deus, tinha todo o poder no céu e na terra. Ninguém poderia contradizê-lo. Então, tudo bem: amai-vos uns aos outros, a fim de papo. Amai-vos. O ‘amai-vos uns aos outros’, porém, não tinha essa conotação vertical, dura hierárquica. Jesus falou como um mestre e amigo a amigos íntimos. Não deu uma lei no sentido comum de que a lei mata, ou seja, ou cumpre totalmente, ou morre. Jesus deu mais um conselho a quem já decidira cumpri-lo. Afinal, já estavam com Ele há três anos, já tinham visto seus milagres e ouvido suas palavras. Nada mais natural que dissesse tais palavras com sua habitual entonação: ‘amai-vos uns aos outros’. Mas o ‘amai-vos uns aos outros’ tinha um outro componente: ‘assim como eu vos amei’. Esse fim de frase não era apenas um rabicho inconsequente, uma espécie de flor de estilo. De jeito nenhum! Era a essência do seu amor. Sendo assim, logo nos perguntamos: Qual era o tipo de amor de Cristo? Era um amor simplório, babaca, pronto a marcar festinhas pescarias no mar da Galileia? Ou era um amor grave, pegajoso, pronto para subir numa cruz em favor dos discípulos? Qual era a espécie de amor que Ele tinha aos seus discípulos? É bem verdade que a cruz ainda não havia acontecido. Até o momento era ela apenas um instrumento de morte, e só os bandidos a experimentavam. Mas a cruz rondava o horizonte. A oposição a Jesus era algo muito forte, e Jesus a provocava: expulsão dos vendilhões do Templo e mil e uma discussões com fariseus e saduceus. E, pelo andar da carruagem, a cruz ia se aproximando. – Senhor Jesus, ao nos mandares amar-nos uns aos outros, certamente querias um amor efetivo, um amor que não recuasse diante de nada e não recusasse nenhum tipo de serviço. Perdoa-nos por sermos tão reticentes e reflete em nossos olhos a tua cruz. Amém (Martinho Lutero Hoffmann Filho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).    

 Pe. João Bosco Vieira Leite