Quarta, 05 de maio de 2021

(At 15,1-6; Sl 121[122]; Jo 15,1-8) 

5ª Semana da Páscoa.

“Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor” Jo 15,1.

“A imagem da videira pode ser encontrada em muitas culturas. No Antigo Testamento, ela é símbolo do povo de Israel. Jesus mesmo se diz a verdadeira videira. É ele o Israel verdadeiro. Nele realiza-se a promessa feita a Israel: Deus há de morar no meio dele e o povo de Israel cumprirá o mandamento de Deus produzindo desta maneira muitos frutos. Mas a videira é uma imagem cara também aos gregos. Dioniso é o Deus do vinho e do êxtase. O vinho é o sangue de Dioniso. Sem êxtase, o homem definha, ficando preso na ‘caixa de seu ego’. Para Sanford, uma das funções principais da religião consiste em ‘ajudar os homens a encontrar o verdadeiro êxtase, oferecendo caminho que lhes permitam sair por um lapso de tempo dos limites e das estruturas habituais que costumam aprisioná-los’ (Ibid. 149). João nos mostra o caminho cristão do êxtase que nos leva além de nós mesmos. Pela união com Cristo rompemos os limites estreitos do nosso eu, para entrar em contato com ‘a criatividade ilimitada do centro interior’. Cristo, o verdadeiro Dioniso, nos liberta da estreiteza de uma religião legalista, levando-nos à ‘ética da criatividade’ (Berdyayev). Assim a imagem da videira foi interpretada já por Orígenes no início do século III. Para ele, a palavra de Jesus é como o vinho que ‘nos transmite uma sensação de inspiração e nos enche de uma embriaguez que não é irracional, e sim divina’. Para Orígenes não são as práticas morais, mas antes as especulações místicas ‘que alegram o coração, provocando naqueles que as aceitam dentro de si uma sensação de inspiração e de alegria no Senhor’. A imagem da videira exprime o lado alegre de nosso caminho espiritual. A meta de nosso caminhar é o êxtase da alegria na união com Deus” (Anselm Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola).     

 Pe. João Bosco Vieira Leite