(1Cor 15,1-8; Sl 18[19]; Jo 14,6-14)
Santos Filipe e Tiago Menor, apóstolos e mártires.
“Eu sou o caminho, a
verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” Jo 14,6.
“Jesus é o caminho.
Ao lado dele não precisamos de nenhum outro caminho, nem do caminho da lei, nem
de métodos espirituais ou de conhecimento progressivo. Jesus é o caminho místico
que nos leva à luz e ao entendimento, à sabedoria, à conscientização e ao nosso
destino verdadeiro. Jesus é o caminho e, ao mesmo tempo, a meta. Nele
experimentamos Deus como vida e verdade. Nele Deus se revela a nós. Nele vemos
o Pai. Olhar para Jesus e ouvir sua palavra nos mantém em movimento no caminho
que leva a Deus. A fé não é um bem que possuímos definitivamente. Ela é
caminho, movimento, dinamismo que procura Deus e que nos mantém vivos. Jesus é
a vida. Nele fica visível a possibilidade de uma vida autêntica, de uma vida
que interliga o céu e a terra, Deus e o homem, o tempo e a eternidade. Jesus é
vida divina, realidade divina. Nele temos parte com a vida divina, realidade
divina. Nele temos parte com a vida e a plenitude de Deus. E Jesus é a verdade.
Ele não nos ensina axiomas que podemos levar satisfeitos para casa. Ele não é a
verdade em forma de doutrina, e sim como ‘realidade manifestada de Deus’
(BULTMANN, 1950, p. 468). Em Jesus é retirado o véu que oculta Deus. Nele se
torna visível a luz de Deus. Quem trilha o caminho de Jesus não possui a
verdade, ele vive da verdade, ele vive verdadeiramente. Vive em contato com a
realidade. Vê o mundo como ele é. No rosto de Jesus, ele vê o brilho da glória
de Deus. No Antigo Testamento, verdade significa também fidelidade e
contabilidade. Em Jesus temos um apoio seguro. Com ele, estamos na realidade de
Deus. Deixamos para trás o chão inseguro de nossas próprias opiniões, de nossas
ideias de realidade. Estamos em contato com a verdade de Deus. E assim, em
Jesus, entramos também em contato com nossa própria verdade, com nosso próprio
eu. A verdade liberta. Ela leva à liberdade. Jesus reivindica para si ser o
único caminho que leva ao Pai. Muitos cristãos interpretaram essa exclusividade
no sentido de que só aqueles que professam conscientemente a sua fé em Jesus
podem chegar ao céu. Mas a palavra não é de interpretação tão simples. O que
Jesus quer dizer é que nele se mostra a essência de Deus. Ele é a revelação
verdadeira e perfeita de Deus. Mas isso não significa que todos os outros
caminhos de salvação não levam a Deus. Eles são, na verdade, prenúncios daquele
fulgor de Deus que se viu em Jesus. Jesus não quer fornecer a nós cristãos um
argumento para nos sentirmos superiores aos demais, antes pretende convidar-nos
a vê-lo com os olhos da fé, para que descubramos em sua face o brilho da glória
de Deus. E ele nos lança o desafio de anuncia-lo aos adeptos de outras
religiões de uma maneira tal que reencontrem nele o seu caminho para a vida e a
verdade, que vejam realizados nele seus próprios anseios” (Anselm Grüm
– Jesus: Porta para a Vida – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite