Segunda, 03 de maio de 2021

(1Cor 15,1-8; Sl 18[19]; Jo 14,6-14) 

Santos Filipe e Tiago Menor, apóstolos e mártires.      

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” Jo 14,6.

“Jesus é o caminho. Ao lado dele não precisamos de nenhum outro caminho, nem do caminho da lei, nem de métodos espirituais ou de conhecimento progressivo. Jesus é o caminho místico que nos leva à luz e ao entendimento, à sabedoria, à conscientização e ao nosso destino verdadeiro. Jesus é o caminho e, ao mesmo tempo, a meta. Nele experimentamos Deus como vida e verdade. Nele Deus se revela a nós. Nele vemos o Pai. Olhar para Jesus e ouvir sua palavra nos mantém em movimento no caminho que leva a Deus. A fé não é um bem que possuímos definitivamente. Ela é caminho, movimento, dinamismo que procura Deus e que nos mantém vivos. Jesus é a vida. Nele fica visível a possibilidade de uma vida autêntica, de uma vida que interliga o céu e a terra, Deus e o homem, o tempo e a eternidade. Jesus é vida divina, realidade divina. Nele temos parte com a vida divina, realidade divina. Nele temos parte com a vida e a plenitude de Deus. E Jesus é a verdade. Ele não nos ensina axiomas que podemos levar satisfeitos para casa. Ele não é a verdade em forma de doutrina, e sim como ‘realidade manifestada de Deus’ (BULTMANN, 1950, p. 468). Em Jesus é retirado o véu que oculta Deus. Nele se torna visível a luz de Deus. Quem trilha o caminho de Jesus não possui a verdade, ele vive da verdade, ele vive verdadeiramente. Vive em contato com a realidade. Vê o mundo como ele é. No rosto de Jesus, ele vê o brilho da glória de Deus. No Antigo Testamento, verdade significa também fidelidade e contabilidade. Em Jesus temos um apoio seguro. Com ele, estamos na realidade de Deus. Deixamos para trás o chão inseguro de nossas próprias opiniões, de nossas ideias de realidade. Estamos em contato com a verdade de Deus. E assim, em Jesus, entramos também em contato com nossa própria verdade, com nosso próprio eu. A verdade liberta. Ela leva à liberdade. Jesus reivindica para si ser o único caminho que leva ao Pai. Muitos cristãos interpretaram essa exclusividade no sentido de que só aqueles que professam conscientemente a sua fé em Jesus podem chegar ao céu. Mas a palavra não é de interpretação tão simples. O que Jesus quer dizer é que nele se mostra a essência de Deus. Ele é a revelação verdadeira e perfeita de Deus. Mas isso não significa que todos os outros caminhos de salvação não levam a Deus. Eles são, na verdade, prenúncios daquele fulgor de Deus que se viu em Jesus. Jesus não quer fornecer a nós cristãos um argumento para nos sentirmos superiores aos demais, antes pretende convidar-nos a vê-lo com os olhos da fé, para que descubramos em sua face o brilho da glória de Deus. E ele nos lança o desafio de anuncia-lo aos adeptos de outras religiões de uma maneira tal que reencontrem nele o seu caminho para a vida e a verdade, que vejam realizados nele seus próprios anseios” (Anselm Grüm – Jesus: Porta para a Vida – Loyola). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite