6ª Semana da Páscoa – Ano B

(At 10,25-26.34-35.44-48; Sl 97[98]; 1Jo 4,7-10; Jo 15,9-17)

1. No domingo anterior, sob a imagem da videira e dos ramos, meditávamos sobre essa comunhão vital do discípulo com Cristo e a fecundidade dessa relação depende do permanecer do discípulo em Cristo. Hoje aprofundamos esse permanecer falando do “como” ele se dá.

2. Esse permanecer se dá no amor e no amar que tanto insiste o texto. Permanecer no amor de Jesus e amar os irmãos e irmãs. Esse se dá numa dinâmica progressiva e paralela. Esse amor que existe entre o Pai e o Filho chega aos discípulos por Cristo, e do discípulo ao irmão.

3. O amor e a obediência cristãos não se excluem, mas um depende do outro, daí a necessidade de guardar os mandamentos básicos de Cristo. Não se deve entender o mandamento de amar como uma lei imposta de fora, mas como uma resposta e necessidade que brota de dentro, do amor que temos recebido de Deus.

4. Esse mandamento do amor que Jesus nos dá contém um evangelho, uma alegre notícia, porque significa a resposta natural e agradecida, própria dos bens nascidos, a um amor que nos precedeu primeiro: o de Deus e de Jesus a cada um de nós, como nos recorda a 2ª leitura.

5. Esse amor tem uma medida prévia: aquele de Jesus, que vai até as últimas consequências. Assim, conhecendo Jesus, e consequentemente os seus mandamentos, não temos um outro caminho se não o do amor que Ele nos ensinou. Esse se prova nas relações que estabelecemos com o próximo.

6. Ao lado de seu preceito de amor, Cristo nos dá também a sua alegria e sua amizade. Ambas nascem dessa obediência que é comunhão de vida com Ele pelo amor. Um amor de amigos que conhecem os segredos do Mestre, que se deixaram escolher por Ele, para que a nossa vida produza frutos duradouros.

7. O tempo pascal é marcado por essa alegria que o Ressuscitado nos comunica. A impressão é que não há muita gente feliz de verdade e que são raras as pessoas profundamente alegres que contagiem humor jovial.

8. “Todos nós ocultamos no fundo do coração uma insatisfação, uma falta de felicidade, talvez uma amargura e uma tristeza. Por que? Deixando de lado as razões filosóficas e solenes que apontam para a radical limitação humana, há motivos mais próximos e menos confessados: o vazio interior, a imaturidade pessoal, a incapacidade de entrega; numa palavra: a ausência de amor. Aquele que não ama e não se sente amado, está arruinado como pessoa. Mas Deus sempre nos ama e nos mostra como podemos amar. Peçamos ao Senhor uma boa dose de gozo pascal. Precisamos tanto dele!” (Basilio Caballero).

9. Uma alegria que não está isenta do sacrifício e doação. Talvez, nesse sentido, Cazuza tinha razão em cantar: ‘Só as mães são felizes’.   

Pe. João Bosco Vieira Leite