Terça, 15 de setembro de 2020

(Hb 5,7-9; Sl 30[31]; Jo 19,25-27) 

Nossa Senhora das Dores.

“Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena”

Jo 19,25.

“A sensibilidade de piedosa compaixão do povo cristão está eloquentemente expressa no quadro da Pietá. Nossa Senhora das Dores recebe no colo o filho morto apenas tirado da cruz. É o momento que se reveste de incomensurável dor uma paixão humana e espiritual única: a conclusão do sacrifício de Cristo, cuja morte sobre a cruz é o ponto culminante da Redenção. Mas como a morte de Cristo está implícita, como em embrião, desde os primeiros momentos de sua existência de homem, também a com-paixão está implícita no inicial: ‘Faça-se em mim segundo a tua palavra’.  Como mãe, Maria assume implicitamente os sofrimentos de Cristo, em cada momento de sua vida. Eis porque a imagem da Pietá típica da arte gótica e do Renascimento (a mais conhecida é a escultura de Michelangelo) exprime só um momento desta dor da Virgem Mãe. A devoção, que precede a celebração litúrgica, fixou simbolicamente as sete dores da Co-redentora, correspondentes a outros tantos episódios narrados pelo Evangelho: a profecia do velho Simeão, a fuga para o Egito, a perda de Jesus aos doze anos durante a peregrinação à Cidade Santa, o caminho de Jesus para o Gólgota, a crucificação, a deposição da cruz, a sepultura. Mas como o objeto do martírio de Maria é o martírio do Redentor, desde o século XV encontramos as primeiras celebrações litúrgicas sobre a compaixão de Maria aos pés da cruz, colocada no tempo da Paixão ou logo após as festividades pascais. Em 1667 a Ordem dos Servitas, inteiramente dedicada à devoção de Nossa Senhora (os sete santos Fundadores no século XIII tinham instituído a ‘Companhia de Maria Dolorosa’) obteve a aprovação da celebração litúrgica das sete Dores da Virgem, que durante o pontificado de Pio VII foi acolhida no calendário romano e lembrada no terceiro domingo de setembro. Pio X fixou a data definitiva de 15 de setembro, conservada no novo calendário litúrgico, que mudou o título da festa, reduzida a uma simples memória: não mais Sete Dores de Maria, mas menos especificamente e mais oportunamente: Virgem Maria Dolorosa. Com este título nós honramos a dor de Maria aceita na redenção mediante a cruz. É junto à Cruz que a Mãe de Jesus crucificado torna-se a Mãe do corpo místico nascido da Cruz, isto é, nós somos nascidos, enquanto cristãos, do mútuo amor sacrifical e sofredor de Jesus e Maria. Eis porque hoje se oferece à nossa devota e afetuosa meditação a dor de Maria” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite