(Nm 21,4-9; Sl 77[78]; Jo 3,13-17)
Exaltação da Santa Cruz.
“Do mesmo modo como
Moisés levantou a serpente no deserto,
assim é necessário
que o Filho do homem seja levantado” Jo 3,14.
“A festa em honra da
Santa Cruz foi celebrada pela primeira vez em 335, por ocasião da dedicação de
duas basílicas constantinianas de Jerusalém, a do Martyrium ou Ad
Crucem sobre o Gólgota, e a do Anástasis, isto é, da
Ressurreição. A dedicação aconteceu a 13 de dezembro. Com o termo exaltação,
a festa passou também para o Ocidente, e a partir do século VII comemora-se a
recuperação da preciosa relíquia por parte do imperador Heráclio em 628. Da
Cruz, roubada 14 anos antes pelo rei persa Cosroe Parviz, durante a conquista
da cidade santa, perderam-se definitivamente todas as pistas em 1187, quando
foi tirada do bispo de Belém que a havia levado na batalha de Hattin. A
celebração atual tem significado bem maior que o lendário encontro por parte da
piedosa mãe do imperador Constantino, Helena. A glorificação de Cristo passa
através do suplício da Cruz e a antítese sofrimento-glorificação se torna
fundamental na história da Redenção. Cristo, encarnado na sua realidade
concreta humano-divina, se submete voluntariamente à humilde condição de
escravo (a cruz era tormento reservado aos escravos) e o suplício infame
transformou-se em glória perene. Assim a cruz torna-se o símbolo e o compêndio
da religião cristã. A própria evangelização, efetuada pelos apóstolos é a
simples apresentação do Cristo Crucificado. O cristão, aceitando
esta verdade, é crucificado com Cristo, isto é, deve carregar
diariamente a sua cruz, suportando injúrias e sofrimentos, como Cristo. Este,
oprimido pelo peso do patíbulo (‘patíbulo’ é o braço transversal da cruz, que o
condenado leva nas costas até o lugar do suplício onde era encaixado
estavelmente com a parte vertical), foi constrangido a expor-se aos insultos do
povo no caminho que levava ao Gólgota. Os sofrimentos que reproduzem no corpo
místico da Igreja o estado de morte de Cristo são um contributo à redenção dos
homens, e garantem a participação na glória do Ressuscitado. Esta é a razão que
fez os mártires cristãos suportarem tão grandes sofrimentos: ‘A minha paixão
está crucificada – escreve santo Inácio de Antioquia antes de sofrer o martírio
– não existe mais em mim o fogo da carne. Agora começo a ser discípulo...
Prefiro morrer em Cristo Jesus a reinar de uma extremidade a outra da terra.
Procuro-o, ele que morreu por nós; quero-o, ele que ressuscitou por nós...
Concedei-me que eu seja imitador da paixão do meu Deus’” (Mario
Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia –
Paulus).
Pe.
João Bosco Vieira Leite