Segunda, 14 de setembro de 2020

(Nm 21,4-9; Sl 77[78]; Jo 3,13-17) 

Exaltação da Santa Cruz.

“Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto,

assim é necessário que o Filho do homem seja levantado” Jo 3,14.

“A festa em honra da Santa Cruz foi celebrada pela primeira vez em 335, por ocasião da dedicação de duas basílicas constantinianas de Jerusalém, a do Martyrium ou Ad Crucem sobre o Gólgota, e a do Anástasis, isto é, da Ressurreição. A dedicação aconteceu a 13 de dezembro. Com o termo exaltação, a festa passou também para o Ocidente, e a partir do século VII comemora-se a recuperação da preciosa relíquia por parte do imperador Heráclio em 628. Da Cruz, roubada 14 anos antes pelo rei persa Cosroe Parviz, durante a conquista da cidade santa, perderam-se definitivamente todas as pistas em 1187, quando foi tirada do bispo de Belém que a havia levado na batalha de Hattin. A celebração atual tem significado bem maior que o lendário encontro por parte da piedosa mãe do imperador Constantino, Helena. A glorificação de Cristo passa através do suplício da Cruz e a antítese sofrimento-glorificação se torna fundamental na história da Redenção. Cristo, encarnado na sua realidade concreta humano-divina, se submete voluntariamente à humilde condição de escravo (a cruz era tormento reservado aos escravos) e o suplício infame transformou-se em glória perene. Assim a cruz torna-se o símbolo e o compêndio da religião cristã. A própria evangelização, efetuada pelos apóstolos é a simples apresentação do Cristo Crucificado. O cristão, aceitando esta verdade, é crucificado com Cristo, isto é, deve carregar diariamente a sua cruz, suportando injúrias e sofrimentos, como Cristo. Este, oprimido pelo peso do patíbulo (‘patíbulo’ é o braço transversal da cruz, que o condenado leva nas costas até o lugar do suplício onde era encaixado estavelmente com a parte vertical), foi constrangido a expor-se aos insultos do povo no caminho que levava ao Gólgota. Os sofrimentos que reproduzem no corpo místico da Igreja o estado de morte de Cristo são um contributo à redenção dos homens, e garantem a participação na glória do Ressuscitado. Esta é a razão que fez os mártires cristãos suportarem tão grandes sofrimentos: ‘A minha paixão está crucificada – escreve santo Inácio de Antioquia antes de sofrer o martírio – não existe mais em mim o fogo da carne. Agora começo a ser discípulo... Prefiro morrer em Cristo Jesus a reinar de uma extremidade a outra da terra. Procuro-o, ele que morreu por nós; quero-o, ele que ressuscitou por nós... Concedei-me que eu seja imitador da paixão do meu Deus’” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite