(1Cor 3,1-9; Sl 32[33]; Lc 4,38-44)
22ª Semana do Tempo Comum.
“Mas Jesus disse: ‘Eu
devo anunciar a Boa-nova do Reino de Deus também a outras cidades,
porque para isso é
que fui enviado’”. Lc 4,43.
“Nós, cristãos,
costumamos repetir muito a expressão do Antigo Testamento que fala no ‘Povo de
Deus’. Assim nos consideramos, como se o Reino fosse propriedade única e
exclusiva nossa, como se os não-cristãos não fossem nossos irmãos, filhos de um
mesmo Pai. Neste versículo de Lucas, Jesus parece dar-nos um ‘puxão de
orelhas’. ‘É preciso que também anuncie a boa-nova do Reino de Deus às outras
cidades’. O que ele queria dizer? ‘Eu não vim apenas para vós, eu vim para
todos’. E, como verdadeiros cristãos, esta é a nossa obrigação: não olhar a
humanidade dividida, discriminando segmentos. Para todos, humildes e poderosos,
compatriotas e estrangeiros, homem, mulher e criança, religiosos ou
não-religiosos, devemos anunciar a boa-nova do reino de Deus, não pregando
ideias teológicas ou dogmas, mas, antes de tudo, pregando o amor, a esperança,
a fé, a compreensão, a complacência, a justiça, a liberdade. A bondade, o
espírito de justiça, o sorriso amigo, a humildade, a simplicidade, a aura de
paz, o brilho nos olhos são algo que surpreende as pessoas, levando-as a
refletir e questionar. Quantas vezes, diante de provações sérias, as pessoas
nos perguntam: ‘Onde você pode conseguir tanta fortaleza?’. ‘Para isto é que
fui enviado’. Nós o recebemos. Tantos não o receberam ainda. Ao invés de
cortarmos de nossas vidas estas pessoas, vamos, ao contrário, despertá-las para
receber o ‘Enviado’ e guardar, em seus corações, e colocar na prática de suas
vidas toda a riqueza de seus ensinamentos. Que todas as cidades, que todos os
recantos da terra, através da presença de verdadeiros cristãos, possam ter
acesso à doçura, à mansuetude, ao amor, à justiça e à misericórdia do Cristo!
– Jesus, Senhor de todos os povos e de todas as nações, ajudai-nos a lidar
com as diferenças e abrigar, com amor, em nossos corações, todos aqueles que
têm sede e fome de amor e justiça! Amém” (Maria Luiza Silveira Teles
– Graças a Deus [1995] – Vozes).
Santo do Dia:
Santa Doroteia. Nasceu em Cesaréia
da Capadócia. Seus pais foram martirizados. Doroteia recebeu uma educação
esmerada. Vivia em jejum e oração essa humilde de doce jovem. Embora aparecesse
pouco em público, era uma verdadeira apóstola de Cristo, pela atividade que
exercia entre os cristãos, animando-os à constância na luta contra os
perseguidores. O governador Fabrício recebeu ordem imperial para exterminar a
religião cristã. Denunciada, Doroteia foi intimida, perante o governador, a
sacrificar aos deuses. Tendo recusado tal mandato, foi decapitada. Sua morte traz
consigo a conversão de Teófilo, um dos advogados da sua condenação que lhe
pedira para enviar flores do paraíso a título de zombaria. No momento que
estava sendo decapitada lhe foram entregues as flores solicitadas. Teófilo
passa a crer no Deus vivo e por isso será também condenado. Doroteia é a santa
das flores e faz parte daquela florescência de jovens que, com sua virgindade e
com sua graça, perfumaram o cristianismo primitivo.
Pe. João Bosco Vieira Leite