Sábado, 26 de setembro de 2020

(Ecl 11,9—12,8; Sl 89[90]; Lc 9,43-45) 

25ª Semana do Tempo Comum.

“Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”

Lc 9,44.

“Pouco tempo antes havia acontecido a transfiguração, quando o corpo de Jesus assumiu uma luminosidade que ninguém até então pudera observar, e uma voz dizia: ‘Este é o meu Filho, a Ele ouvi’. Com essa glorificação extrema e as curas que logo em seguida aconteceram, Jesus se qualificava para tudo, menos para ser entregue nas mãos dos homens. Seria um anticlímax, mas seria a sua mais (oculta) excelente glória. Os discípulos não puderam compreender isso, e isso nós só entendemos a posteriori porque lemos os evangelhos, as epístolas e todas as interpretações que dedicados mestres puderam dar. Porque, na verdade, esse anticlímax sai como um perfeito absurdo. Vejam só: alguém indicado para uma elevada missão, a de ser o libertador e condutor dos povos, e habilitado para fazer milagres extraordinários, inclusive ressuscitar mortos, acabando entregue às autoridades como um criminoso; e isso os discípulos talvez nem tivessem a noção do pior: a cruz. Mas isso era necessário, segundo o plano divino, de romper a barreira do pecado, barreira que em tempos atuais minimizamos e até ridicularizamos. No entanto, ela marca o limite em que a vida se despede e a morte assume o controle absoluto. Por isso, ela tinha de ser destruída com a mais potente arma que tinha o Filho de Deus: a sua própria vida. Aqueles homens que o seguiam, adeptos, quem sabe, de uma espécie de teologia da prosperidade, não aceitavam isso muito bem, mas já pressentiam alguma coisa evitando comentar, mesmo entre si, na esperança de que a maré virasse. Aquela maré, de fato, não virou, mas em lugar dela veio um tsunami de graça, amor, perdão, misericórdia. – Jesus, Tu te entregaste a quem iria sacrificar-te e continuas te entregando àqueles que pela fé querem receber-te. Agraciados e agradecidos, nós te recebemos como Senhor e Salvador. Amém (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

 

Santo do Dia:

Santos Cosme e Damião, mártires. Tudo que se sabe sobre a vida e o martírio desses santos é fruto de devota fantasia e de narrações lendárias e floridas. Sofreram o martírio em Ciro (na Síria), mas não se sabe a época. Provavelmente durante a perseguição de Diocleciano, nos inícios do século IV. Foram decapitados, após outros meios frustrados. Essa data de hoje corresponde à dedicação da basílica que o papa Félix mandou construir em honra desses santos no Foro Romano. Segundo a lenda eram dois irmãos que curavam “todas as enfermidades, não só de pessoas, mas também de animais, fazendo tudo gratuitamente”. Tornaram-se patronos dos médicos e dos farmacêuticos.  

  Pe. João Bosco Vieira Leite