(Ecl 11,9—12,8; Sl 89[90]; Lc 9,43-45)
25ª Semana do Tempo Comum.
“Prestai bem atenção
às palavras que vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos
homens”
Lc 9,44.
“Pouco tempo antes
havia acontecido a transfiguração, quando o corpo de Jesus assumiu uma
luminosidade que ninguém até então pudera observar, e uma voz dizia: ‘Este é o
meu Filho, a Ele ouvi’. Com essa glorificação extrema e as curas que logo em
seguida aconteceram, Jesus se qualificava para tudo, menos para ser entregue
nas mãos dos homens. Seria um anticlímax, mas seria a sua mais (oculta)
excelente glória. Os discípulos não puderam compreender isso, e isso nós só
entendemos a posteriori porque lemos os evangelhos, as epístolas e todas as
interpretações que dedicados mestres puderam dar. Porque, na verdade, esse
anticlímax sai como um perfeito absurdo. Vejam só: alguém indicado para uma
elevada missão, a de ser o libertador e condutor dos povos, e habilitado para
fazer milagres extraordinários, inclusive ressuscitar mortos, acabando entregue
às autoridades como um criminoso; e isso os discípulos talvez nem tivessem a
noção do pior: a cruz. Mas isso era necessário, segundo o plano divino, de
romper a barreira do pecado, barreira que em tempos atuais minimizamos e até
ridicularizamos. No entanto, ela marca o limite em que a vida se despede e a
morte assume o controle absoluto. Por isso, ela tinha de ser destruída com a
mais potente arma que tinha o Filho de Deus: a sua própria vida. Aqueles homens
que o seguiam, adeptos, quem sabe, de uma espécie de teologia da prosperidade,
não aceitavam isso muito bem, mas já pressentiam alguma coisa evitando
comentar, mesmo entre si, na esperança de que a maré virasse. Aquela maré, de
fato, não virou, mas em lugar dela veio um tsunami de graça, amor, perdão,
misericórdia. – Jesus, Tu te entregaste a quem iria sacrificar-te e
continuas te entregando àqueles que pela fé querem receber-te. Agraciados e
agradecidos, nós te recebemos como Senhor e Salvador. Amém” (Martinho
Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).
Santo do Dia:
Santos Cosme e Damião, mártires. Tudo que
se sabe sobre a vida e o martírio desses santos é fruto de devota fantasia e de
narrações lendárias e floridas. Sofreram o martírio em Ciro (na Síria), mas não
se sabe a época. Provavelmente durante a perseguição de Diocleciano, nos
inícios do século IV. Foram decapitados, após outros meios frustrados. Essa
data de hoje corresponde à dedicação da basílica que o papa Félix mandou
construir em honra desses santos no Foro Romano. Segundo a lenda eram dois
irmãos que curavam “todas as enfermidades, não só de pessoas, mas também de
animais, fazendo tudo gratuitamente”. Tornaram-se patronos dos médicos e dos
farmacêuticos.
Pe. João Bosco Vieira Leite