Sábado, 5 de setembro de 2020

(1Cor 4,6-15; Sl 144[145]; Lc 6,1-5) 

22ª Semana do Tempo Comum.

“E Jesus acrescentou: ‘O Filho do Homem é senhor também do sábado’” Lc 6,5.

“Senhor! Quem é senhor manda e manda porque pode. E quem é senhor absoluto pode tudo, tudo que bem entender e quiser. Para ele não há limites. E para quem é Deus – absoluto, infinito, onipotente – aí mesmo é que não há limite algum. Era o caso de Jesus, o Deus encarnado e senhor do sábado, pois Ele não poderia colocar uma camisa de força em si mesmo. Por isso ele podia quebrar a lei. No entanto, mesmo não sendo a lei do sábado uma camisa de força a limitar e a amarrá-lo, não seria uma contradição Ele desprezá-la, visto ser uma lei de sua própria autoria? Sim, caso tivesse ela caráter absoluto. Não, pois ela tinha desde sempre um caráter provisório para fazer uma barreira entre o povo de Deus e os pagãos. Chegada, porém, a revelação definitiva, a salvação universal, para que cercas, para que porteiras fechadas? Era agora, portanto, a hora do amor livrar-se das escamas e das armaduras em que estivera tanto tempo envolvido e mostrar-se desimpedido, livre, solto e... ativo. E Deus, que é absoluto, limita-se, define-se no amor, pois Ele é amor. Logo, Ele é, da mesma forma, absoluto em amor, pois o amor é tudo. Por isso, para Ele, que se define pela noção do amor, não pode haver limite para o amor – nem mesmo uma lei que provisoriamente servia ao amor numa circunstância bem específica. Sendo assim, Ele, como senhor do sábado, pratica o amor e cura um doente grave em dia de sábado. E nós, servos, escravos de Cristo? Também somos senhores do sábado, senhores porque também somos amor, claro, um amor pequeno, imperfeito, assim como Sedna (um planetoide nos confins do sistema solar) reflete a luz do Sol. Somos, portanto, pequenos cristos a curar o próximo com o amor e o perdão de Cristo. – Senhor Jesus, curaste um doente. Não temos o teu poder, mas temos o teu amor. Faze-nos refletir esse amor para a tua glória e o bem do próximo. Amém (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

 

Santo do Dia:

Santo Herculano, mártir. O nosso santo está localizado no meio de outros santos do mesmo nome de épocas diferentes. O santo Herculano, que hoje é comemorado, no Martirológio, a sua figura constitui, mais que qualquer outra, uma interrogação, pela falta de datas seguras e pela incerteza suscitada nos estudiosos da história de seu martírio. Ele teria sido um militar romano, o qual, durante o império do ‘Pio’ Antonino, fora encarregado de escoltar ao martírio o bispo santo Alexandre. Também este último é uma personagem problemática; em seu martírio conta-se como, antes de ser decapitado, sofreu repetidas torturas, que não só não o fizeram retroceder na fé, mas também conseguiram esfolá-lo. Com esses prodígios, o soldado compreendeu que o Deus dos cristãos era mais poderoso que o do imperador, e que a fidelidade dos confessores de Jesus era mais heroica que a obediência militar. Por isso, também ele declarou a própria fé, e tanto ele como o seu companheiro sofreram numerosos tormentos, antes de ter a cabeça mutilada, ou, segundo uma tradição, antes de serem jogados em um lago, com uma grande pedra atada ao pescoço.

Pe. João Bosco Vieira Leite