Quarta, 16 de setembro de 2020

(1Cor 12,31—13,13; Sl 32[33]; Lc 7,31-35) 

24ª Semana do Tempo Comum.

“Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vós dizeis: ‘Ele é um comilão e beberão,

amigo dos publicanos e dos pecadores!’” Lc 7,34.

“Querendo criticar, tudo é pretexto. É a velha história do preso por cão, preso por não ter cão. Dois líderes religiosos do início do século I foram criticados por motivos opostos: um, João Batista, era um asceta; outro, Jesus, um homem social, mas não um farrista como dá a entender a acusação dos inimigos. Mas aí vem a pergunta: Por que eram criticados assim tão violentamente a ponto de inimigos afirmarem que João tinha demônio e Jesus era comilão e beberrão? O ponto central era a mensagem de ambos, mensagem cujo início era o chamado ao arrependimento. Ora, quando se chama alguém ao arrependimento, isso implica dizer que ele está errado, que algo precisa de melhora moral e espiritual. Reconhecer isso, no entanto, é a última coisa que as pessoas, via de regra, desejam fazer, pois elas sempre têm (e nós não?) explicações para seus atos e pensamentos, explicações a pouco transformadas em justificativas e até mesmo em imperativos morais categóricos. É verdade: o orgulho, a autojustificação, a impenitência, a dureza de coração podem transformar-se numa certeza metafísica inabalável! Quando isso acontece, nada mais resta à pessoa chamada ao arrependimento senão desfazer o pregador: ou é ele um asceta endemoninhado, ou um comilão e beberão. E, quanto a nós, confrontados com a pregação de arrependimento, o que faríamos: aceitaríamos a pregação como Palavra de Deus, ou procuraríamos e, quem sabe, criaríamos defeitos no pregador? – Senhor Deus, nem sempre aceitamos a pregação do arrependimento. Às vezes, agimos como aqueles do nosso texto. É bem verdade que pregadores são humanos e também erram. Pedimos-te, porém, que nos faças ver neles os portadores da tua Palavra. Amém (Maria Luiza Silveira Teles – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 

Santo do Dia:

Santos Cornélio e Cipriano. “Vítimas ilustres da perseguição de Valeriano, respectivamente em junho de 253 e a 14 de setembro de 258, são o papa Cornélio e o bispo de Cartago, Cipriano, cujas memórias aparecem em conjunto nos antigos livros litúrgicos de Roma desde a metade do século IV. Cipriano nasceu em Cartago, mais ou menos no ano 210, era ainda pagão quando ensinou filosofia e advogou. Converteu-se em 246, e três anos depois foi escolhido para o episcopado. Havia apenas tomado posse da diocese de Cartago, quando estourou a perseguição de Décio. Os cristãos deviam apresentar-se ao magistrado e requerer libellus, isto é, um certificado que os declarasse bons e honestos cidadãos, precedendo naturalmente a simples formalidade de jogar alguns grãos de incenso no braseiro diante de um ídolo” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). Alguns conseguiram libellus no ‘mercado negro’, outros acabaram renegando a fé. Cipriano fugiu para o campo e teve uma atitude bastante moderada com os cristãos submetidos à perseguição. Cornélio foi eleito papa em 251, após um longo período de sede vacante, por causa da terrível perseguição de Décio. Contou com o apoio de Cipriano contra o antipapa Novaciano. Morreu em Civitavecchia e foi sepultado nas catacumbas de Calisto. Cipriano foi decapitado a 14 de setembro de 258.

 Pe. João Bosco Vieira Leite