(1Cor 12,31—13,13; Sl 32[33]; Lc 7,31-35)
24ª Semana do Tempo Comum.
“Veio o Filho do
Homem, que come e bebe, e vós dizeis: ‘Ele é um comilão e beberão,
amigo dos publicanos
e dos pecadores!’” Lc 7,34.
“Querendo criticar,
tudo é pretexto. É a velha história do preso por cão, preso por não ter cão.
Dois líderes religiosos do início do século I foram criticados por motivos
opostos: um, João Batista, era um asceta; outro, Jesus, um homem social, mas
não um farrista como dá a entender a acusação dos inimigos. Mas aí vem a
pergunta: Por que eram criticados assim tão violentamente a ponto de inimigos
afirmarem que João tinha demônio e Jesus era comilão e beberrão? O ponto
central era a mensagem de ambos, mensagem cujo início era o chamado ao
arrependimento. Ora, quando se chama alguém ao arrependimento, isso implica
dizer que ele está errado, que algo precisa de melhora moral e espiritual.
Reconhecer isso, no entanto, é a última coisa que as pessoas, via de regra,
desejam fazer, pois elas sempre têm (e nós não?) explicações para seus atos e
pensamentos, explicações a pouco transformadas em justificativas e até mesmo em
imperativos morais categóricos. É verdade: o orgulho, a autojustificação, a
impenitência, a dureza de coração podem transformar-se numa certeza metafísica
inabalável! Quando isso acontece, nada mais resta à pessoa chamada ao
arrependimento senão desfazer o pregador: ou é ele um asceta endemoninhado, ou
um comilão e beberão. E, quanto a nós, confrontados com a pregação de
arrependimento, o que faríamos: aceitaríamos a pregação como Palavra de Deus,
ou procuraríamos e, quem sabe, criaríamos defeitos no pregador? – Senhor
Deus, nem sempre aceitamos a pregação do arrependimento. Às vezes, agimos como
aqueles do nosso texto. É bem verdade que pregadores são humanos e também
erram. Pedimos-te, porém, que nos faças ver neles os portadores da tua Palavra.
Amém” (Maria Luiza Silveira Teles – Graças a Deus [1995]
– Vozes).
Santo do Dia:
Santos Cornélio e
Cipriano. “Vítimas ilustres da perseguição de Valeriano, respectivamente em
junho de 253 e a 14 de setembro de 258, são o papa Cornélio e o bispo de
Cartago, Cipriano, cujas memórias aparecem em conjunto nos antigos livros
litúrgicos de Roma desde a metade do século IV. Cipriano nasceu em Cartago,
mais ou menos no ano 210, era ainda pagão quando ensinou filosofia e advogou.
Converteu-se em 246, e três anos depois foi escolhido para o episcopado. Havia apenas
tomado posse da diocese de Cartago, quando estourou a perseguição de Décio. Os
cristãos deviam apresentar-se ao magistrado e requerer libellus,
isto é, um certificado que os declarasse bons e honestos cidadãos, precedendo
naturalmente a simples formalidade de jogar alguns grãos de incenso no braseiro
diante de um ídolo” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para
cada Dia – Paulus). Alguns conseguiram libellus no
‘mercado negro’, outros acabaram renegando a fé. Cipriano fugiu para o campo e
teve uma atitude bastante moderada com os cristãos submetidos à perseguição.
Cornélio foi eleito papa em 251, após um longo período de sede vacante, por
causa da terrível perseguição de Décio. Contou com o apoio de Cipriano contra o
antipapa Novaciano. Morreu em Civitavecchia e foi sepultado nas catacumbas de
Calisto. Cipriano foi decapitado a 14 de setembro de 258.
Pe.
João Bosco Vieira Leite