Segunda, 10 de agosto de 2020

(2Cor9,6-10; Sl 11[112]; Jo 12,24-26) 

São Lourenço, diácono e mártir.

“Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” Jo 12,24.

“Nas Atas do martírio de São Lourenço lê-se que o mártir, antes de ser posto sobre a grelha aquecida por carvões ardentes, quis rezar por Roma. A cidade foi-lhe grata por este ato de amor dedicando-lhe nada menos que trinta igrejas, a primeira delas, segundo o costume, no lugar do martírio. Até mesmo os padroeiros principais da cidade, S. Pedro e S. Paulo não tiveram tanta honra. Como explicar, portanto, a incontestável popularidade deste mártir (em Roma até o século passado sua festa era de preceito) sem dar crédito às notícias fornecidas pela Paixão e pelos escritores do século IV? A sua imagem, aureolada de lenda já nos escritores bem próximos deles (como Prudêncio), nos é familiar no gesto, fixado pelos afrescos do B. Angélico na capela vaticana do papa Nicolau V, de distribuir aos pobres as coletas dos cristãos de Roma. Esta era de fato uma das funções dos diáconos, e Lourenço, feito diácono pelo papa Sisto II, era arcediago da comunidade dos diáconos romanos. É compreensível por isso que no auge da perseguição de Valeriano, o próprio pontífice, preso e conduzido ao martírio, deu ao diácono o encargo de distribuir tudo o que tinha aos pobres. Quando o imperador – se lê na Paixão – impôs a Lourenço de entregar-lhe os tesouros dos quais tinha ouvido falar, ele reuniu diante de Valeriano um grupo de indigentes exclamando: ‘Eis aqui os tesouros, que nunca diminuem, e podem ser encontrados em toda parte’. A esta aguda e sábia resposta fazem eco as últimas palavras do mártir, que colocado sobre um braseiro ardente e já vermelho como um tição de fogo, teria encontrado coragem de fazer uma piada: ‘Vira-me, dizia ao carrasco, que já estou bem assado deste lado’. O heroico testemunho de fé prestado pelo mártir foi eficazmente relembrado pelo papa Dâmaso: ‘chicotes, algozes, as chamas, os tormentos, as correntes nada puderam contra a fé de Lourenço’. O papa, que admirava as virtudes do mártir glorioso, edificou-lhe uma segunda igreja, sobre as ruinas do teatro de Pompeu, fazendo para ele a primeira exceção: nenhum mártir antes dele tinha tido lugar fora do lugar de martírio. O diácono Lourenço sofreu martírio a 10 de agosto de 258” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite