(Jr 30,1-2.12-15.18-22; Sl 101[102]; Mt 15,1-2.10-14)
18ª Semana do
Tempo Comum.
“Por que os teus
discípulos não observam a tradição dos antigos?
Pois não lavam as
mãos quando comem pão?” Mt 15,2.
“São poucos
versículos nos quais encontramos Jesus comprometido em três diálogos
diferentes: com fariseus e escribas (vv. 1-2); com a multidão (vv. 1-11); com
os discípulos (vv. 12-14). O fio condutor é a polêmica sobre as normas de
pureza legal, que faz emergir alguns aspectos que distinguem a mensagem cristã
da sua raiz judaica. A pureza ritual mostra-se uma preocupação de grande parte
da classe dirigente judaica, mas aqui Jesus é muito radical que perante normas
da tradição opostas ao mandamento de Deus (v. 3), quer ao propor uma
perspectiva completamente diversa (v. 11) e, sobretudo, no juízo terrível sobre
os fariseus (vv. 13-14). A diferença clara entre o formalismo religiosos, aqui
atribuído pelo texto de Mateus aos fariseus e escribas, e o valor substancial
da responsabilidade individual é o que mais ressalta no texto. Nele exprime-se
a tensão (já presente noutros lugares do evangelho segundo Mateus; veja-se, por
exemplo, os caps. 19-22) entre todas as comunidades cristãs para as quais ele
foi redigido e o Judaísmo do século I d.C. na Palestina. Jesus preocupa-Se em
fazer compreender, não já a quem O interrogou, mas à multidão indiferenciada
daqueles que O seguem, que a impureza legal não depende da transgressão de
tradições humanas, impregnadas de formalismo, mas das opções de fundo da
própria vontade a favor ou contra a vontade divina. A atenção de Jesus, pelo
contrário, está centrada toda no interior da pessoa, naquilo que o homem
cultiva em si mesmo e que depois, inevitavelmente, sai e, se for mau, pode
contaminá-lo. Seguir fariseus e escribas nos caminhos de uma atenção formalista
no campo religioso significa a ruína para o discípulo que os segue ou se deixa
conduzir por eles” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo
Comum] – Paulus).
Santo do Dia:
São João Maria
Vianney, presbítero. Sua história tornou-se bastante conhecida, particularmente
porque nesse dia se reza por todos os párocos, dos quais é padroeiro, nesse mês
vocacional. Nascido em Dardilly, França, em 1786, era um camponês rude que mal
conseguia acompanhar os passos do seu batalhão quando requisitado para a
guerra, do qual acabou desertando. Entrou para o seminário e mostrava-se
incapaz de acompanhar seus colegas nos estudos, mas demonstrava grande piedade
e por isso seus formadores o deixaram seguir adiante, confiando-o a graça de
Deus. Tendo se ordenado, ficou um tempo sem poder acolher confissões, pois
havia dúvida de sua capacidade de aconselhar os fiéis. Depois de um tempo de
aprendizado foi lhe confiada a cidade de Ars como vigário ou cura. A pequena
cidade tinha apenas 230 habitantes com suas pobres casas. Mesmo assim, nas
hospedarias locais, João via uma movimentação que ia de encontro aos bons
princípios da fé e assim começou a pregar incansavelmente alcançando a conversão
dos seus habitantes depois de dez anos de pregação, oração e penitência.
Tornou-se um grande confessor e sua generosidade atraia as pessoas, sempre
procurando ser solicito para com elas, apesar de sua pobreza. Muito se conta
sobre sua vida por seus biógrafos. Morreu aos setenta e três anos, a 4 de
agosto de 1859. Foi canonizado por Pio XI em 1925, quando Ars há muito já era
um lugar de peregrinações.
Pe. João Bosco Vieira Leite