Terça, 04 de agosto de 2020

(Jr 30,1-2.12-15.18-22; Sl 101[102]; Mt 15,1-2.10-14) 

18ª Semana do Tempo Comum.

“Por que os teus discípulos não observam a tradição dos antigos?

Pois não lavam as mãos quando comem pão?” Mt 15,2.

“São poucos versículos nos quais encontramos Jesus comprometido em três diálogos diferentes: com fariseus e escribas (vv. 1-2); com a multidão (vv. 1-11); com os discípulos (vv. 12-14). O fio condutor é a polêmica sobre as normas de pureza legal, que faz emergir alguns aspectos que distinguem a mensagem cristã da sua raiz judaica. A pureza ritual mostra-se uma preocupação de grande parte da classe dirigente judaica, mas aqui Jesus é muito radical que perante normas da tradição opostas ao mandamento de Deus (v. 3), quer ao propor uma perspectiva completamente diversa (v. 11) e, sobretudo, no juízo terrível sobre os fariseus (vv. 13-14). A diferença clara entre o formalismo religiosos, aqui atribuído pelo texto de Mateus aos fariseus e escribas, e o valor substancial da responsabilidade individual é o que mais ressalta no texto. Nele exprime-se a tensão (já presente noutros lugares do evangelho segundo Mateus; veja-se, por exemplo, os caps. 19-22) entre todas as comunidades cristãs para as quais ele foi redigido e o Judaísmo do século I d.C. na Palestina. Jesus preocupa-Se em fazer compreender, não já a quem O interrogou, mas à multidão indiferenciada daqueles que O seguem, que a impureza legal não depende da transgressão de tradições humanas, impregnadas de formalismo, mas das opções de fundo da própria vontade a favor ou contra a vontade divina. A atenção de Jesus, pelo contrário, está centrada toda no interior da pessoa, naquilo que o homem cultiva em si mesmo e que depois, inevitavelmente, sai e, se for mau, pode contaminá-lo. Seguir fariseus e escribas nos caminhos de uma atenção formalista no campo religioso significa a ruína para o discípulo que os segue ou se deixa conduzir por eles” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum] – Paulus).

 

Santo do Dia:

São João Maria Vianney, presbítero. Sua história tornou-se bastante conhecida, particularmente porque nesse dia se reza por todos os párocos, dos quais é padroeiro, nesse mês vocacional. Nascido em Dardilly, França, em 1786, era um camponês rude que mal conseguia acompanhar os passos do seu batalhão quando requisitado para a guerra, do qual acabou desertando. Entrou para o seminário e mostrava-se incapaz de acompanhar seus colegas nos estudos, mas demonstrava grande piedade e por isso seus formadores o deixaram seguir adiante, confiando-o a graça de Deus. Tendo se ordenado, ficou um tempo sem poder acolher confissões, pois havia dúvida de sua capacidade de aconselhar os fiéis. Depois de um tempo de aprendizado foi lhe confiada a cidade de Ars como vigário ou cura. A pequena cidade tinha apenas 230 habitantes com suas pobres casas. Mesmo assim, nas hospedarias locais, João via uma movimentação que ia de encontro aos bons princípios da fé e assim começou a pregar incansavelmente alcançando a conversão dos seus habitantes depois de dez anos de pregação, oração e penitência. Tornou-se um grande confessor e sua generosidade atraia as pessoas, sempre procurando ser solicito para com elas, apesar de sua pobreza. Muito se conta sobre sua vida por seus biógrafos. Morreu aos setenta e três anos, a 4 de agosto de 1859. Foi canonizado por Pio XI em 1925, quando Ars há muito já era um lugar de peregrinações. 

  Pe. João Bosco Vieira Leite