(Is 9,1-6; Sl 112[113]; Lc 1,26-38)
Nossa Senhora Rainha.
“O anjo entrou onde
ela estava e disse: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!’” Lc 1,28.
“A festividade de hoje, paralela à de
Cristo Rei, foi instituída por Pio XII em 1955. Era celebrada, até a recente
reforma do calendário litúrgico, a 31 de maio, como coroação da singular
devoção mariana do mês a ela dedicado. Para o dia 22 de agosto estava reservada
a comemoração do Imaculado Coração de Maria, em cujo lugar entrou a festa de
Maria Rainha para aproximar a realeza da Virgem à sua gloriosa Assunção ao céu.
Este lugar de singularidade e de proeminência, ao lado de Cristo Rei,
deriva-lhe dos vários títulos, ilustrados por Pio XII na carta encíclica À
Rainha do Céu (11 de outubro de 1954): Mãe da Cabeça e dos membros do
Corpo místico, augusta soberana e rainha da Igreja, que a torna participante
não só da dignidade real de Jesus, mas também do seu influxo vital e
santificador sobre os membros do Corpo Místico. O latim regina,
como rex, deriva de regere, isto é reger,
governar, dominar. Do ponto de vista humano é difícil atribuir a Maria a função
de dominadora, ela que se proclamou a serva do Senhor e passou toda a sua vida
no mais humilde escondimento. Lucas, nos Atos dos Apóstolos, coloca Maria no
meio dos Onze, após a Ascensão, recolhida com eles em oração; mas não é ela que
dá as ordens, e sim Pedro. E, todavia, precisamente naquela circunstância ela
constitui o vínculo que mantém unidos ao Ressuscitado aqueles homens ainda não
robustecidos pelos dons do Espírito Santo. Maria é rainha porque é Mãe de
Cristo, o Rei. É rainha porque excede todas as criaturas em santidade: ‘Ela
encerra toda a bondade das criaturas’, diz Dante na Divina Comédia.
Todos os cristãos veem e veneram nela a superabundante generosidade do amor
divino, que a cumulou de todos os bens. Mas ela distribui real e maternalmente
tudo o que recebeu do Rei, protege com seu poder os filhos adquiridos em
virtude da sua co-redenção, e os alegra com os seus dons, pois o rei determinou
que toda graça passe por mãos da rainha. Por isso a Igreja convida os fiéis a
invoca-la não só com o doce nome de mãe, mas também com aquele reverente de
rainha, como no céu a saúdam com felicidade e amor os anjos, os patriarcas, os
profetas, os apóstolos, os mártires, os confessores, as virgens. Maria coroada
com o dúplice diadema de virgindade e de maternidade divina: ‘O Espírito Santo
virá sobre ti, e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sobra; por isso o
Santo que nascer será chamado Filho de Deus’” (Mario Sgarbosa e Luigi
Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite