Sexta, 28 de agosto de 2020

(1Cor 1,17-25; Sl 32[33]; Mt 25,1-13) 

21ª Semana do Tempo Comum.

“O Reino dos céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo

e saíram ao encontro do noivo” Mt 25,1.

“Dez moças saem ao encontro do noivo a fim de conduzi-lo até a noiva. Elas levam tochas, provavelmente tochas com vasilhas, ‘que eram feitas de uma vara em cuja ponta era presa uma vasilha de fogo cheia de trapos embebidos de azeite’ (Luz III, 471). Essas tochas duravam pouco. Era necessário repor constantemente o azeite para que queimassem durante mais tempo. É de supor que as moças aguardavam na casa da noiva a hora de sair. Quando soa o grito, avisando que o noivo está se aproximando, aprontam suas tochas. Só a essa altura as moças insensatas se dão conta de que não trouxeram azeite. Como acender então as suas tochas e mantê-las acesas? Os exegetas que falam em lâmpadas a azeite supõem que estas ficaram acesas até aquela hora e que as moças insensatas não previram um possível atraso do noivo. Outros exegetas acham que as moças só acenderam as suas tochas na hora que ouviram o grito de aviso. Só então as virgens insensatas teriam percebido que estavam sem azeite. Assim, não estavam em condições de participar até o fim da dança do encontro. No primeiro caso, a insensatez está ligada à falta de previsão de que o retorno de Cristo poderia retardar-se. No segundo caso, ser insensato significaria viver distraído, sem se preocupar com as coisas necessárias à tarefa a ser cumprida; deixar faltar o azeite para as tochas denotaria irresponsabilidade. Prefiro a segunda alternativa. As virgens prudentes se prepararam cuidadosamente para a dança nupcial, as outras se mostram descuidadas e poucos interessadas na cerimônia. Esta confrontação entre a prudência e a insensatez é típica das parábolas de Jesus. Assim ele compara, por exemplo, o homem prudente com o homem insensato: um constrói a sua casa sobre a rocha, o outro sobre a areia (Mt 7,24-27). Na parábola do homem insensato ele não conta com a sua morte prematura (Lc 12,16-21). Na história do administrador injusto ele é elogiado porque age de maneira prudente (Lc 16,1-18). A palavra grega para ‘insensato’ é moros, ou seja, ‘estúpido, bobo’. É aplicada a uma ação que não é adequada à circunstância, denotando a falta de reflexão e inteligência. A insensatez pode ser uma força que confunde a razão, levando o homem a um comportamento contrário ao bom senso (Bertram, 837s). A palavra grega para ‘prudente’ é phronimos que vem de phrenes = diafragma, interior do homem, consciência, razão. As virgens prudentes são, portanto, aquelas guiadas pelo seu entendimento e que têm bom senso. Em Platão, o homem prudente e ponderado é sempre também o homem bom, enquanto o insensato é mau. Quem é ponderado dirige a sua atenção ao que é divino. Na parábola, as virgens insensatas são aquelas que fecham os olhos diante da realidade, enquanto as prudentes sabem avaliar corretamente a situação. Para estas, a realidade exterior é uma imagem da interior, isto é, da sua relação com Deus” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da Salvação – Loyola). 

Pe. João Bosco Vieira Leite