(1Cor 1,17-25; Sl 32[33]; Mt 25,1-13)
21ª Semana do Tempo Comum.
“O Reino dos céus é
como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo
e saíram ao encontro
do noivo” Mt 25,1.
“Dez moças saem ao
encontro do noivo a fim de conduzi-lo até a noiva. Elas levam tochas,
provavelmente tochas com vasilhas, ‘que eram feitas de uma vara em cuja ponta
era presa uma vasilha de fogo cheia de trapos embebidos de azeite’ (Luz III,
471). Essas tochas duravam pouco. Era necessário repor constantemente o azeite
para que queimassem durante mais tempo. É de supor que as moças aguardavam na
casa da noiva a hora de sair. Quando soa o grito, avisando que o noivo está se
aproximando, aprontam suas tochas. Só a essa altura as moças insensatas se dão
conta de que não trouxeram azeite. Como acender então as suas tochas e
mantê-las acesas? Os exegetas que falam em lâmpadas a azeite supõem que estas
ficaram acesas até aquela hora e que as moças insensatas não previram um
possível atraso do noivo. Outros exegetas acham que as moças só acenderam as
suas tochas na hora que ouviram o grito de aviso. Só então as virgens
insensatas teriam percebido que estavam sem azeite. Assim, não estavam em
condições de participar até o fim da dança do encontro. No primeiro caso, a
insensatez está ligada à falta de previsão de que o retorno de Cristo poderia
retardar-se. No segundo caso, ser insensato significaria viver distraído, sem
se preocupar com as coisas necessárias à tarefa a ser cumprida; deixar faltar o
azeite para as tochas denotaria irresponsabilidade. Prefiro a segunda
alternativa. As virgens prudentes se prepararam cuidadosamente para a dança
nupcial, as outras se mostram descuidadas e poucos interessadas na cerimônia.
Esta confrontação entre a prudência e a insensatez é típica das parábolas de
Jesus. Assim ele compara, por exemplo, o homem prudente com o homem insensato:
um constrói a sua casa sobre a rocha, o outro sobre a areia (Mt 7,24-27). Na
parábola do homem insensato ele não conta com a sua morte prematura (Lc
12,16-21). Na história do administrador injusto ele é elogiado porque age de
maneira prudente (Lc 16,1-18). A palavra grega para ‘insensato’ é moros, ou
seja, ‘estúpido, bobo’. É aplicada a uma ação que não é adequada à
circunstância, denotando a falta de reflexão e inteligência. A insensatez pode
ser uma força que confunde a razão, levando o homem a um comportamento
contrário ao bom senso (Bertram, 837s). A palavra grega para ‘prudente’ é phronimos que
vem de phrenes = diafragma, interior do homem, consciência,
razão. As virgens prudentes são, portanto, aquelas guiadas pelo seu
entendimento e que têm bom senso. Em Platão, o homem prudente e ponderado é
sempre também o homem bom, enquanto o insensato é mau. Quem é ponderado dirige
a sua atenção ao que é divino. Na parábola, as virgens insensatas são aquelas
que fecham os olhos diante da realidade, enquanto as prudentes sabem avaliar
corretamente a situação. Para estas, a realidade exterior é uma imagem da
interior, isto é, da sua relação com Deus” (Anselm Grün – Jesus,
Mestre da Salvação – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite