(1Cor 2,1-5; Sl 118[119]; Lc 4,16-30)
22ª Semana do Tempo Comum.
“O Espírito do Senhor
está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção
para anunciar a
Boa-nova aos pobres” Lc 4,18a.
“Ele estava na
sinagoga, participando do culto semanal. Alguém o convidou ou Ele mesmo
manifestou o desejo de proclamar a leitura a fazer a interpretação do texto
sagrado. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. E Ele, respeitando as tradições
do seu povo, leu a passagem que lhe foi indicada: O Espírito do Senhor está
sobre mim... (cf. Is 61,1-2). As palavras do profeta ganharam vida e sabor na
boca de Jesus. Ali estava um programa de vida, algo que ele mesmo cumpria:
anunciar aos pobres boas notícias: curar os enfermos e libertar os cativos;
devolver ao seu povo a esperança, a alegria e a vontade de viver. E foi essa a
intenção que Ele manifestou ao comentar a passagem: aquelas palavras não
cairiam no vazio. Elas seriam o seu programa de vida. Infelizmente, nem todos o
compreenderam, e alguns não quiseram mesmo compreendê-lo. O texto de Lucas,
ainda, faz alusão ao ano jubilar (cf. Lv 25). Jesus é aquele que veio anunciar
o início do tempo da graça do Senhor, o tempo da libertação, do cancelamento
das dívidas. O Filho não veio para condenar, mas para salvar; portanto, é hora
de pôr a casa em ordem e recomeçar, pois o Senhor concedeu a todos a chance de
uma nova vida. O texto de Lucas (Lc 4,16-30), portanto, convida-nos a dar fim a
todas as formas de violência, dominação e exclusão. Somos especialmente
chamados a trabalhar pela construção do Reino. Lembremo-nos do que o Mestre
dizia: muito mais felizes são os semeadores da paz e os buscadores da justiça
(cf. Lc 6,20-38). – Liberta-nos, Senhor, e ensina-nos a ser
libertadores; perdoa-nos e ensina-nos a ser perdoadores; cura-nos e ensina-nos
a ser cuidadores; pacifica-nos, Senhor, ensina-nos a ser pacificadores;
ajuda-nos, Senhor, a colher a tua graça e faz de nós os buscadores de tua
justiça, os servidores do teu Reino, amém” (Marcos Daniel
de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia [2017] –
Vozes).
Santo do Dia:
São Raimundo Nonato, religioso.
Raimundo, chamado de nonato porque foi extraído do corpo da mãe morta no parto,
veio à luz em 1220 em Portell nas proximidades de Barcelona, de família nobre.
Vestiu o hábito dos mercedários aos vinte e quatro anos e seguindo o exemplo do
fundador (São Pedro Nolasco), se dedicou à libertação dos escravos da Espanha
ocupada pelos mouros e à pregação no meio deles. Um dia, após a volta de uma
viagem de Roma, ultrapassou o estreito e foi à Argélia, tornando-se escravo
entre os escravos para manter acesa entre eles a chama da fé com a palavra e
com o exemplo da caridade ativa. Assim viveu vários meses como refém e
submetido a reiteradas e cruéis malvadezas para levar o evangelho aos
mulçumanos. O papa Gregório IX quis render-lhe uma homenagem pública por tão
grandes virtudes conferindo-lhe em 1239, apenas libertado, a dignidade
cardinalícia, convocando-o como conselheiro. Mas Raimundo veio a morrer antes
de receber tal honraria no dia 31 de agosto de 1240 em Cardona, perto de
Barcelona. Foi sepultado na igreja de são Nicolau, que a popular devoção do
santo, inserido no Martirológio Romano em 1657 pelo papa Alexandre VII,
transformou em meta de peregrinações. Pela sua difícil vinda à luz do mundo,
ele é invocado como o patrono e protetor das parturientes e das parteiras.
Pe. João Bosco Vieira Leite