(Jr 1,17-19; Sl 70[71]; Mc 6,17-29)
Martírio de João Batista.
“... ‘eles farão
guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para
defender-te’,
diz o Senhor” Jr 1,19.
“A celebração de hoje, que na Igreja
latina tem origens antigas (na França no século V, e em Roma no século VI),
está vinculada à dedicação da igreja construída em Sebaste na Samaria, no
suposto túmulo do Precursor de Cristo. Com o nome de paixão ou degolação a
festa aparece já na data de 29 de agosto nos Sacramentários romanos,
e conforme o Martirológio Romano essa data corresponde à segunda vez que
encontraram a cabeça de são João Batista, transportada para Roma. Deixando de
lado essas referências históricas, temos sobre João Batista as narrações dos
evangelhos, em particular de são Lucas, que nos fala do seu nascimento, da sua
vida no deserto, da sua pregação, e de são Marcos que nos refere a sua morte.
Pelo evangelho e pela tradição podemos reconstruir a vida do Precursor, cuja
palavra de fogo parece na verdade com o espírito de Elias. No ano décimo quinto
do imperador Tibério (27-28 a.C.), o Batista, que tinha vida austera, segunda
as regras dos narizeus, iniciou sua missão, convidando o povo para preparar os
caminhos do Senhor, pois era necessária uma sincera conversão para a acolhê-lo,
isto é, uma mudança radical das disposições do espírito. Dirigindo-se a todas
as classes sociais, despertou o entusiasmo entre o povo e o mau humor entre os fariseus,
a assim chamada aristocracia do espírito, cuja hipocrisia ele reprovava. A
estas alturas, figura popular, negou categoricamente ser o Messias esperado,
afirmando a superioridade de Jesus, que apontou aos seus seguidores por ocasião
do batismo junto às margens do Jordão. Sua figura parece ir se desfazendo, à
medida que vai surgindo ‘o mais forte’, Jesus. Todavia, ‘o maior dentre os
profetas’ não cessou desfazer ouvir a sua voz onde fosse necessária para
endireitar os sinuosos caminhos do mal. Reprovou publicamente
o comportamento pecaminoso de Herodes Antipas e da cunhada Herodíades, mas a
previsível suscetibilidade deles custou-lhe a dura prisão em Maqueronte, na
margem oriental do Mar Morto. Sabemos que fim teve: por ocasião de uma festa
celebrada em Maqueronte, a filha de Herodíades, Salomé, tendo dado um
verdadeiro show de agilidade na dança, entusiasmou a Herodes. Como prêmio
pediu, por instigação da mãe, a cabeça de João Batista, fazendo assim calar o
‘batedor’ de Jesus, a voz mais robusta dos arautos da iminente mensagem
evangélica. Último profeta e primeiro apóstolo, ele deu a vida pela missão, e
por isso é venerado na Igreja como mártir” (Mario Sgarbosa e Luigi
Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira
Leite