Todos os Santos e Santas – 2024

(Ap 7,2-4.9-14; Sl 23[24]; 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12)*

1. O teor da liturgia da Palavra é a vocação universal à santidade, isto é, à perfeição que nos torna agradáveis a Deus. Deus criou o ser humano para ter as qualidades dele.

2. A santidade é o bom êxito desse projeto que é uma graça de Deus, o oposto do envolvimento com o pecado como já está descrito na história do primeiro casal. A santidade é a ‘consagração’ àquele que é chamado ‘o Santo’, Deus – a harmonia com Ele.

3. A 1ª leitura nos ensina que a santidade é uma vocação universal. O autor nos fala de uma multidão que ninguém podia contar (cf. Ap 7,4). Assim, no início das descrições apocalípticas do Fim, o autor nos comunica sua visão da glória dos eleitos, fruto da ‘salvação que pertence ao nosso Deus... e ao Cordeiro’ (Ap 7,10).

4. Podemos incluir nessa multidão, todos os que vivem segundo o amor e a justiça divina que se revelam no amor até a morte e na glorificação de Jesus – mesmo sem conhecer o seu nome. A felicidade de estar definitivamente com Deus vem da comunhão com a obra que Jesus levou a termo.

5. A universalidade da vocação à santidade e do pertencer a Deus, mas também a exigência inerente a isso é expressa no Evangelho das Bem-aventuranças. A santidade é dom e missão. Deus no-la dá, mas a nós cabe realiza-la em nossa vida e irradiá-la em nosso redor.

6. Como dom, só pode ser recebido pelos que não estão cheios de si mesmos. Como tarefa, exige empenho: fazer acontecer a justiça de Deus, promover sua paz. Em todos os casos, exige desprendimento, conversão, abandono da autossuficiência e a opção por aqueles que Deus contempla com carinho especial: os pobres, os excluídos. 

7. Na 2ª leitura, o autor da Carta exorta os fiéis a receber com convicção a santidade como dom de Deus em Cristo. Quem não se sabe amado por Deus não entende o que significa ser ‘filho de Deus’.

8. Mas sabe-o quem o pratica! Esse saber fica ainda velado, só na glória é que se manifestará em plena clareza. Entretanto, já participamos, na esperança, da santidade de Deus, se vivemos como seus filhos.

9. A santidade não é o destino de uns poucos, mas de uma imensa multidão: todos aqueles que, de alguma maneira, até sem o saber, aderiram e aderirão à causa de Cristo e do Reino: a comunhão ou comunidade dos santos.  

10. Ser santo significa ser de Deus. Não é preciso ser anjo para isso. Significa um cristianismo libertado e esperançoso, acolhedor para com todos os que ‘procuram a Deus com um coração sincero’ (Oração Eucarística IV). Mas significa também um cristianismo exigente.

11. Devemos viver mais expressamente a santidade de nossas comunidades (a nossa pertença a Deus e a Jesus), por uma prática de caridade digna dos santos e por uma vida espiritual sólida e permanente.

12. Sobretudo: santidade não é beatice, medo de viver. Pelo contrário, é uma atitude dinâmica, uma busca de pertencer sempre mais a Deus e assemelhar-se sempre mais a Cristo. Não exige boa aparência, mas disponibilidade para se deixar atrair por Cristo e para entrar na solidariedade dos fiéis de todos os tempos, santificados e unidos por Ele.

* Essa reflexão tem por base texto de Franscisco Taborda e Johan Konings.

Pe. João Bosco Vieira Leite