(Tt 2,1-8.11-14; Sl 36[37]; Lc 17,7-10) 32ª Semana do Tempo Comum.
“Assim também vós, quando tiverdes feito
tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis;
fizemos o que devíamos fazer’” Lc 17,10.
“Costuma
você pensar e dizer com frequência: Sou livre para fazer o bem, ou o mal; e
isso pode ser ambíguo. Você é livre psicologicamente para decidir-se pelo bem
ou pelo mal. Não existe força alguma, oculta ou manifesta, que o/a impeça de
decidir-se. Se você se decide pelo bem ou pelo mal, é você o/a único(a)
responsável, e decide-se porque quer fazê-lo, não porque alguém, ou algo o/a
pressione, empurre, force. Psicologicamente falando, você é livre, e aí reside
sua grande responsabilidade: saber usar ajuizadamente e com prudência da sua
liberdade. No entanto, moralmente, você de maneira alguma é livre para fazer o
que lhe agrade, ou o que bem lhe pareça. Moralmente você é obrigado(a) a fazer
o bem e evitar o mal. De tal forma que se não fizer, assume a responsabilidade
pelo al praticado ou pelo bem que deixou de realizar. Quando se faz o bem outra
coisa não é feita senão o que se devia fazer; ao fazer o bem, você é
simplesmente um ser normal, ao passo que, ao praticar o mal, você age de modo
anormal por realizar algo indevido, e aí, então, você é como uma máquina que
funciona às avessas, é uma monstruosidade. É verdade que você não estranha que
o sol brilhe, que a chuva molhe, que a terra produza planta e flores, que as
árvores deem frutos, que o fogo queime, que o gelo enregele? Menos ainda você
deve estranhar se você realiza o bem, porque esse deve ser feito, seu produto,
seu fruto, sua ação. Considere, portanto, o transtorno que aconteceria no
mundo, se você não realizar o bem, e imagine o que aconteceria se os outros
tampouco o fizessem; este mundo transformar-se-ia em terra sem plantas, fogo
sem luz e sem calor, sol pagado, árvore sem fruto, algo sem vida, algo morto.
Jesus não veio senão para dar-nos o exemplo do serviço, conforme lemos em
Marcos 10,43-45: ‘Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se
grande entre vós seja o vosso servo; e todo o que entre vós quiser ser o
primeiro seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos’. Assim, entre
os seguidores do Senhor: ‘o que quiser tornar-se grande entre vós seja o vosso
servo’ (Marcos 10,43). Isso foi dito por Jesus, para que seus discípulos nunca
se detivessem nem descansassem acreditando terem trabalhado o suficiente,
tentação que muito bem lhe pode suceder. O apóstolo deve ter sempre pela frente
a frase: ‘Somos servos como quaisquer outros’ (v. 10), para viver convencido de
que no sentido do apostolado nada é do apóstolo, a não ser os defeitos e
limitações, ao passo que todo bem é de Deus e vem de Deus, segundo nos adverte
São Paulo: ‘Assim nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas só Deus,
que faz crescer’ (1Coríntios 3,7)” (Alfonso
Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano –
Ave-Maria).
Pe.
João Bosco Vieira Leite