(Zc 2,14-17; Sl Lc 01; Mt 12,46-50) Apresentação da Bem-aventurada Virgem Maria.
“Alguém disse a Jesus: ‘Olha! Tua mãe e
teus irmãos estão aí fora e querem falar contigo’” Mt 12,47.
“A
festa de hoje nos leva a refletir sobre o dom de nosso ser a Deus que devemos
fazer por causa do nosso batismo. Amar e, portanto, servir a Deus com todas as
forças é um empenho de que nenhum batizado pode se eximir, se não quiser tornar
vã a graça recebida. Todavia, criaturas há chamadas a se darem a Deus de modo
mais exclusivo e direto ‘para poder recolher mais copioso o fruto da graça
batismal’ e ‘serem por novo e especial título destinada ao serviço e à honra de
Deus’ (LG 44). São os vocacionados ao estado religioso, ou à consagração a Deus
no mundo, e sob certo aspecto também os chamados ao sacerdócio. Para todos
esses adquire o exemplo de Maria importância toda particular. Convida-os Nossa
Senhora a seguirem-na pelo caminho de total generosidade, de entrega, de
consagração virginal ‘a Deus sumamente amado’ (ibidem). A resposta A
vocação exige, como ponto de partida o desapego de si e de tantas coisas caras.
Muitas vezes é necessário deixar parentes e amigos, casa e pátria, hábitos e
comodidades. Passo muito árduo, mas não é tudo. Mais ainda que o desapego
material, é necessário o do coração. Desapego, sim, dos outros, mas sobretudo
de si mesmo. Desapego da própria vontade, dos interesses próprios, para se
entregar plenamente a Deus, disponível a seus quereres, ao serviço e ao serviço
do próximo. Sem tal desapego, é impossível o dom total de si. Quem se pertence,
é apegado a si e às próprias coisas, incapaz de se abandonar, de se dar
totalmente. A oferta de si mesmo será parcial, submetida a interesses pessoais
e, portanto, sempre exposta à infidelidade, a naufragar na mediocridade, a
retomar aquele pouco que deu. A Virgem Imaculada não necessitou de esforço e de
luta para dar-se totalmente a Deus. Nós, ao contrário, devemos lutar contra as
resistências do egoísmo e de todas as outras paixões. É bom sabe-lo, para não
nos iludirmos pensando ser suficiente dar-nos a Deus uma vez por todas. Há de
ser nosso dom, vivido hora por hora e com generosidade sempre crescente. Se
isto requer contínuo domínio de nós mesmos, não estamos sozinhos no combate.
Maria está sempre pronta sustenta-nos. Ela que encontrou graça junto do
Altíssimo, serve-se de tal privilégio para obter graças aos que a invocam” (Gabriel de Sta. Maria Madalena,
OCD – Intimidade Divina – Loyola)
Pe.
João Bosco Vieira Leite