São Pedro e São Paulo

(At 12,1-11; Sl 33[34]; 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16,13-19)

1. Encerramos o mês de junho, tão festivo, com a solenidade de Pedro e Paulo, no que diz respeito ao martírio de ambos. Deixando de lado as tradições populares, nosso olhar se dirige à entrega de vida desses homens pela causa do Reino e no que diz respeito a nossa Igreja, um dos resultados dessa pregação apostólica.

2. Desde o séc. III a liturgia reúne esses dois personagens numa única celebração. Caminho diferentes deram formato à Igreja de Cristo. Pedro, apóstolo dos judeus; Paulo, dos gentios ou pagãos. Pedro era um simples pescador; Paulo vinha do ciclo farisaico e com boa formação. Ambos judeus, ambos de vigorosa personalidade.

3. Eles foram tocados por Cristo e se enamoraram d’Ele até o martírio em Roma, por volta de 64 d.C, Pedro, e, 67 d.C, Paulo. A Liturgia faz duas referências a Pedro: 1ª leitura e o Evangelho, que reúne sua confissão de fé e primado; Paulo nos deixa seu testemunho na 2ª leitura.

4. A liturgia quer nos deixar claro que a nossa Igreja tem sua base nos apóstolos de Cristo e por expressa vontade d’Ele, Pedro, o primeiro papa e seus sucessores, buscam manter a unidade da Igreja e seu trabalho de evangelização do mundo inteiro. Essa é a nossa compreensão do seu ser apostólico que rezamos no credo.

5. Por muito tempo predominou em nossa Igreja essa visão hierárquica e desigual que separava clérigos e leigos. Ao longo dos séculos, uma reflexão que remonta as origens do cristianismo, vai dando corpo a uma compreensão da Igreja a partir da sua realidade de comunhão.

6. A Igreja entende-se e constrói-se como uma comunidade de irmãos iguais entre si, mesmo com serviços e carismas diversos. Muitos séculos depois, o Vaticano II nos trouxe uma renovada visão da Igreja chamando-a de povo de Deus.

7. Assim passamos a compreender que o nosso bispo, juntamente com o bispo de Roma, que tem o título da primazia, trabalham juntos, construindo uma unidade em torno de Cristo para servir o povo de Deus. Daí o título do papa como ‘servo dos servos de Deus’. Para caracterizar o serviço do próprio Cristo à humanidade.

8. Quando ouvimos falar de sínodos dos bispos, conferências de bispos, como a do Brasil, conselhos pastorais da diocese, do vicariato, da paróquia, etc., vamos compreendendo que a Igreja caminha a partir da corresponsabilidade de seus membros.

9. Ainda que tenhamos presente a imagem hierárquica do papa, dos bispos, do padre, a Igreja só estará verdadeiramente representada, onde os leigos também se envolvem e assumem juntamente com eles as tarefas do fazer existir e ser de uma comunidade de fé.

10. “Bendito sejas, Deus nosso Pai, Deus dos apóstolos, por nos teres chamado à fé dentro do teu povo, a Igreja, que tem fundamento em Cristo e na palavra e testemunho dos apóstolos, escolhidos por Ele como sucessores. Louvamos-Te hoje com estas testemunhas qualificadas do Evangelho e colunas da Igreja, os Apóstolos Pedro e Paulo. Concede-nos, Senhor, responder à tua eleição de amor para satisfazer as esperanças depositadas nesta hora do mundo, para mostrar o teu rosto autêntico aos nossos irmãos, os homens, para irradiar a luz do evangelho de Cristo no nosso meio, para apresentar diante do mundo o rosto jovem da tua Igreja. Amém” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo – Paulus).    

Pe. João Bosco Vieira Leite