Quarta, 03 de junho de 2020

(2Tm 1,1-3.6-12; Sl 123[122]; Mc 12,18-27) 

9ª Semana do Tempo Comum.

“Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos! Vós estais muito enganados” Mc 12,27.

“É muito velha a questão da sobrevivência depois da morte. No tempo de Jesus, na Palestina, a questão dividia os entendidos: os fariseus acreditavam na ressurreição, os saduceus não acreditavam. Os gregos procuravam argumentos na lógica. O Antigo Testamento é obscuro no assunto. Não estranha a pergunta que fazem a Jesus. E Jesus não camufla a resposta e declara haver ressurreição dos mortos, sem falar no modo e quando acontecerá. Ao aparecer a Moisés na sarça ardente, no deserto, Deus se declara: ‘Eu sou o Deus de Abraão, Isaac e Jacó!’ (Ex 3,6). Todos sabiam que os três patriarcas tinham morrido. Dessa definição de Deus, Jesus conclui que os Patriarcas continuavam vivos, porque não tinha sentido Deus ser Deus de mortos, mas de vivos. Exegese inédita, para uma conclusão cabal: a morte corporal não é definitiva, não é o fim de tudo, não é nem muro nem vale intransponível. Poderíamos dizer que a morte é parto da eternidade. A grande e definitiva garantia da ressurreição, porém nos veio pela ressurreição de Jesus na Páscoa. ‘Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também a nós com Jesus’ (2Cor 4,14). Por isso, a vida presente, ainda que marcada de perplexidade e tribulações, se tece de esperanças. Aquela que tanto preocupa o homem, a morte, é uma de antemão derrota. Aquela que parece ser nosso fim, se torna ponte: por ela alcançamos o Deus vivo, que só é vida. Nosso destino não é a morte. É estar em Deus, para quem tudo vive. Com o Cristo, que disse ‘eu sou a vida’ (Jo 14,6), formamos um só corpo destinado à glória. Por isso, para os que creem, a morte é lucro (Fl 1,21) e a vida presente, por melhor que seja, tem o travo do exílio (2Cor 5,6). – Ó Deus, eterno vivente, que não conhecesses ocaso, sustenta com tua mão o sol da minha vida terrena para que, no entardecer, eu entre na tua presença e permaneça sempre na tua luz! Amém (Clarêncio Neotti – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 

Santo do Dia:

Santos Carlos Lwanga e companheiros, mártires. Numa região da atual Uganda foram acolhidos pelo rei Mutesa, os padres brancos de Lavigérie, mas tiveram que se retirar por manobras de alguns chefes. Tempos depois foram chamados pelo rei Mwanga em 1885, sob a influência de cristãos que ocupavam cargos no reinado, estes denunciam uma conjuração contra o rei, mas os cortesãos e feiticeiros revertem a situação culpando os cristãos. Assim, em datas diferentes, Carlos e 21 cristãos foram martirizados por não negarem a sua fé. Foram beatificados por Bento XV (1920) e canonizados por Paulo VI a 18 de outubro de 1964, em pleno Concílio Vaticano II. Carlos Lwanga foi declarado padroeiro da juventude africana.

Pe. João Bosco Vieira Leite