(Lm 2,2.10-14.18-19; Sl 73[74]; Mt 8,5-17)
12ª Semana do Tempo Comum.
“Levanta-te, chora na
calada da noite, no início das vigílias, derrama o teu coração, como água,
diante do Senhor; ergue as mãos para ele, pela vida de teus pequeninos, que
desfalecem de fome em todas as encruzilhadas” Lm 2,19.
“O Livro das
Lamentações é formado por cinco cânticos fúnebres compostos após a queda de
Jerusalém, acontecida em 586 a.C. por obra de Nabucodonosor. O povo está
disperso e não tem pontos de referência, o Templo está destruído e não há
liturgia. Quando tudo parece perdido e a Aliança parece ter-se tornado vã,
Israel compreende que os dolorosos fatos acontecidos têm um significado: então
chora a sua cidade e os seus filhos, mas na confiança de que Deus não falta à
sua Palavra e levantará o povo que volta para Ele o seu coração. O problema de
fundo, agudo e lancinante também para o crente, pode sacudir os alicerces da
fé. Deus será indiferente ou injusto, se permite o mal? Deus não existe, se o
mal atinge o inocente? A lamentação, corajosamente, descreve a ação ‘sem
compaixão’ com que Deus destruiu Jerusalém, uma ação desapiedada que parece
renegar o amor. As crianças desfalecem ao colo de suas mães (cf. v. 12), o luto
e a aflição não têm fim. Aquele que entoa a lamentação está desfeito até às
entranhas, devido à ruina do seu povo, porque Deus parece ter-Se tornado
inimigo sem piedade. Apesar disso, o lamento não se fecha no desespero. Existe
um sentido na História: o mal é de algum modo fruto da iniquidade do homem, e o
Senhor tolera-o como dolorosa consequência da livre vontade humana, mas está
pronto ao perdão e à pacificação se Jerusalém clamar a Ele de coração e sem
tréguas. Mesmo na profundidade da angústia, o crente sabe que Deus é fiel, e
tudo n’Ele encontrará paz” (Giuseppe Casarin – Lecionário
Comentado [Tempo Comum] – Paulus).
São Cirilo de
Alexandria, bispo e doutor da Igreja. Nasceu em 370. De 412 a 444, ano de sua
morte, teve nas mãos, com toda a firmeza, as rédeas da Igreja do Egito,
empenhando-se ao mesmo tempo, numa das épocas mais difíceis da história da
Igreja do Oriente, na luta pela ortodoxia, em nome do papa são Celestino. Nesta
firmeza no serviço da doutrina e na coragem demonstrada na defesa da verdade
católica está a santidade do batalhador bispo de Alexandria, embora tardiamente
reconhecida, ao menos no Ocidente. De fato, somente no pontificado de Leão XIII
o seu culto foi estendido a toda a Igreja latina e lhe foi atribuído o título
de doutor. Participou do Concílio de Éfeso. Teólogo de olhar penetrante, foi
ao mesmo tempo um pastor vigiante das almas. De fato, ao lado dos tratados
estritamente doutrinais, temos dele 156 homilias sobre são Lucas, de caráter
pastoral e prático, e as mais conhecidas Cartas Pastorais, expressas em 26
homilias pascais.
Pe. João Bosco Vieira Leite