(1Rs 18,20-39; Sl 15[16]; Mt 5,17-19)
10ª Semana do Tempo Comum.
“Não penseis que vim
abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno
cumprimento” Mt 5,17.
“Abolir leis e
profetas poderiam indicar liberdade, desprendimento, porém não é assim que isto
se processa na prática. Advogar total liberdade é querer desordem, ser
libertino, perder os limites do convívio coletivo. Jesus afirmou seu
compromisso em não abolir a Lei e os Profetas. Abolir estes conteúdos seria
equivalente em desqualificar todas as manifestações ocorridas na história do
povo de Israel. Os Dez Mandamentos e todos os estatutos e juízos teriam que ser
descartados. As profecias a respeito da vinda de Jesus ficariam comprometidas.
Ele veio completar, dar sentido a tudo, dar-lhe, pelo seu ensinamento e pelo
seu comportamento, uma forma nova e definitiva. A morte de Cristo na cruz foi o
‘está completado’ da Lei e Profetas e, a partir deste ocorrido, amplia-se os
conceitos de justiça. O amor, em que já se resumia a Lei antiga, torna-se o
mandamento novo de Jesus e o cumprimento de toda a Lei. Todo ser humano que
conhece Jesus fica naturalmente motivado a viver a fé. Conhece mais sua
realidade de pecado e refugia-se no manto da justiça de Cristo. A Lei continua
santa quando expressa um basta, espelha sua realidade e orienta o caminho
viável. Os profetas indicam a possibilidade real de viver a vida santa e justa
a partir do Cristo que tudo fez cumprindo a Lei e os Profetas. Não serão
propostas esdrúxulas de falsa liberdade que darão consolo para as pessoas.
Conhecer e ampliar os conceitos que a Lei e os Profetas oferecem é entender o
cumprimento daquilo que faltava – Jesus. Este, sim, possibilita viver uma fé
estável e um convívio adequado com outras pessoas. – Senhor, Tu fostes
habitação no tempo que passou. Vem, fala à nossa geração, que, cega, te deixou.
Os nossos passos vem guiar na escuridão atroz; vem, faze em nós brilhar: que
ouçam a tua voz. Amém” (Arnaldo Hoffmann Filho – Meditações
para o dia a dia [2015] – Vozes).
Santo do Dia:
Santa Alice, virgem. É uma das
três ‘Alice’ presente em nosso martirológico (elenco dos santos canonizados da
Igreja Católica). Nascida perto de Bruxelas, no início do século XIII,
mostrou-se desde pequena dotada de inteligência e espírito precoces. Aos 7 anos
foi acolhida na abadia beneditina feminina de Cambre, na Bélgica, onde
maravilhou as religiosas por sua memória excepcional e por sua ardente piedade.
Aos 9 anos, o vento do milagre começou a soprar em torno dela. Infelizmente,
ainda jovem, contraiu a lepra. O mosteiro teve que isolá-la em um sótão, onde
passou o restante de sua vida. Esse acabou sendo seu purgatório em terra. Suas
dores foram consoladas por companhias celestes e aliviadas por uma profunda
devoção ao Sagrado Coração de Jesus, muito antes que a devoção fosse aprovada
pela Igreja. E, em 1249, já reduzida a condições extremas, foi-lhe dada a unção
dos enfermos. Mas ela agonizou por um ano inteiro. Morreu em 11 de junho de
1250.
Pe. João Bosco Vieira Leite