Sábado, 20 de junho de 2020

(Is 61,9-11; Sl 1Sm 2; Lc 2,41-51) 

Imaculado Coração de Maria.

“[...] Sua mãe, porém, conservava no coração todas essas coisas” Lc 2,51b.

“Chega sempre o momento em que se perde de vista o Cristo. Aconteceu também para Maria e nos perguntamos, discretamente, como foi possível perder este único, importantíssimo filho. Foi descuido dela ou foi Jesus que deu um passo a mais, convidando-a a procura-lo? Os pais procuram primeiro entre os parentes e conhecidos e depois, angustiados, retornam a Jerusalém: é preciso procurar Jesus onde ele está, e não onde nossa inteligência nos faz suspeitar. Acontece assim nos dias da paixão, quando os apóstolos, amargurados e chorando pela ‘perda’ do Mestre, o ‘procuram’ entre os mortos, porém sem encontrar. Depois de três dias, Maria e José reencontram Jesus: teriam vontade de dizer que não o compreendem mais. A Sabedoria divina os chama a uma relação mais íntima: ‘Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me com as coisas do Pai?’ (Lc 2,49). Aquele deve ocupar-se com as coisas do Pai encerra toda a sua missão: a fidelidade até o fim o fará retornar à casa do Pai como Novo Adão, levando consigo inumeráveis irmãos. O evangelista escreve que Maria e José ‘não compreenderam as suas palavras’. A mesma coisa aconteceu quando Jesus pôs os discípulos a par do mistério da cruz-ressurreição que o aguardava. A paixão não se compreende a partir de mecanismos intelectuais, mas a partir do amor que confia... De fato, Maria ‘conservava todas essas coisas meditando-as em seu coração’. À luz da memória bíblica, a Virgem sábia é projetada para frente a fim de decifrar o sentido, aberta e envolvida pelo Mistério. Guarda no coração as difíceis palavras do Filho do Altíssimo com silêncio reverente e ativo: é a atitude característica do discípulo que aprende, em contraposição à atitude do discípulo sabido” (Corrado Maggioni – Maria na Igreja em oração – Paulus).

 

Santo do Dia:

Santos João Fisher e Tomás More, bispos e mártires. João Fisher nasceu em Beverly em 1469, e ordenado padre aos vinte e dois anos, foi, como o amigo Tomás More, um homem de grande cultura. Mas a vasta erudição, que fez dele um verdadeiro filho de sua época, uniu um grande zelo e uma total abnegação no exercício de seus deveres de bispo da pequena diocese de Rochester, para cuja sede tinha sido eleito em 1504, juntamente com o cargo de Chanceler da Universidade de Cambridge. Aceitou serenamente a morte, que foi executada a 22 de junho de 1535, um mês após sua elevação à dignidade cardinalícia, com a qual Paulo III quis honrá-lo pela sua fidelidade e coragem. Quinze dias após foi condenado Tomás More, também ele réu de não ter reconhecido ao rei a pretensa supremacia espiritual. Nascido em Londres em 1477, quando jovem, Tomás queria consagrar-se totalmente a Deus, em um mosteiro cartuxo; empreendeu, porém, a carreira legal, subindo ao ápice da notoriedade com a nomeação de chanceler da Inglaterra em 1529. Pai de quatro filhos teve sempre um comportamento exemplar. Foi preso na Torre de Londres, onde aguardou o processo, mantendo sua vida de oração e intelectual. Considerado o santo do bom humor. Em 1935, Pio XI canonizou no mesmo dia estes dois santos que sofreram a decapitação pela coragem como defenderam sua fé; os propôs como ‘dois exemplos de fidelidade aos cristãos da nossa época’. O machado que decepou as suas vidas em 1535, atingiu muitos outros católicos, réus por não haverem aderido ao assim chamado: ‘Atos de supremacia’, mediante o qual o Henrique VIII tinha se proclamando chefe da Igreja nacional inglesa, porque o papa se negara a dar-lhe o divórcio de sua primeira mulher, Catarina, para ele poder desposar Ana Bolena. Os dois santos de hoje são as duas vítimas mais ilustres das pretensões do rei.

 Pe. João Bosco Vieira Leite