(Dn 7, 9-10.13-14; Sl 96[97]; 2Pd 1,16-19; Mt
17,1-9).
1. No ciclo litúrgico do chamado Tempo
Comum temos sete Festas chamadas “do Senhor” com datas fixas em nosso
calendário. Quando elas caem no domingo são celebradas como solenidades. A
festa da Transfiguração do Senhor surgiu no Ocidente em meados do séc. IX. Em
sua teologia, via-se na transfiguração de Cristo e divinização da humanidade,
uma espécie de superação da natureza decadente de Adão.
2. Para ilustrar tal pensamento, a
liturgia da Palavra é introduzida com esse texto da profecia de Daniel, que
contempla, para os tempos futuros, um novo reinado. Esse filho do homem, virá
do céu, de perto de Deus para introduzir uma nova visão das relações, até então
marcadas pela opressão e tirania de alguns reinados.
3. Lemos esse texto para afirmar que em
Jesus essa nova humanidade se projeta como algo possível. Na segunda leitura,
Pedro reafirma tal pensamento. Para os que contemplam o tempo presente de modo
superficial, as coisas depois de Jesus seguem o mesmo ritmo. Ele que esteve no
Tabor reafirma a experiência da divindade de Cristo. E acrescenta, de modo
quase poético, o valor de sua Palavra, que precisamos ter diante dos olhos,
“como lâmpada que brilha em lugar escuro”.
4. O texto do evangelho segue o ano
litúrgico, a partir do ciclo litúrgico de Mateus. Uma narrativa que já
acompanhamos na quaresma e que prepara os discípulos a suportar o processo da
paixão que está por vir.
5. É preciso notar a insistência de
Mateus pelos lugares altos, que biblicamente significa encontrar-se com Deus,
lugar da manifestação divina. Observando mais ainda, alguns elementos da
narrativa lembram muito Moisés que sobe ao monte acompanhado de alguns
personagens (Ex 24) “escolhidos a dedo”. Que se veem envolvidos por nuvem.
6. As figuras de Elias e Moisés apontam
para Jesus como o Messias esperado e a quem se deve escutar. Pedro pensa em
fixar-se na experiência, mas Jesus lhe indica que é preciso seguir adiante.
Dessa experiência de oração e revelação, os discípulos compreendem a
continuidade do projeto divino e que Jesus se projeta verdadeiramente como
caminho, verdade e vida.
7. Cada experiência de nos colocarmos
diante do Senhor deve nos ajudar a reacender a esperança da Palavra de Jesus
como luz em meio às trevas que atravessamos. Que não tenhamos medo, apesar de,
como os discípulos, não entendermos tudo. Sigamos adiante e como Pedro, no
devido momento saibamos testemunhar o como Deus guiou a nossa história.
Pe. João Bosco Vieira Leite