21º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Is 22,19-23; Sl 137[138]; Rm 11,33-36; Mt 16,13-20)

1. Voltamos a uma narrativa muito conhecida sobre a pergunta que Jesus faz aos seus discípulos a respeito do que pensam as pessoas e eles a seu respeito. Mas o enfoque maior da liturgia é a eleição de Pedro para um serviço de autoridade que Jesus lhe confere. Assim, nesse contexto, podemos acolher a 1ª leitura da nossa celebração.

2. A narrativa nos fala de um cerimonial de instituição de um novo 1ª ministro no tempo do profeta Isaias no lugar de Sobna que havia se corrompido na busca de interesses pessoais. Aqui o simbolismo das chaves do palácio dava ao administrador o poder de discernimento sobre quem seria recebido ou não pelo rei. 1º ponto de ligação com o evangelho.

3. O texto também exalta o modo como exercerá tal autoridade: como um pai, preocupado mais com o bem dos filhos que com as honras e privilégios da função. 2º ponto de ligação com o evangelho. O governo de Eliacim não terminou bem. O de Pedro segue em seus sucessores, tendo por base uma contínua renovação da pergunta de Jesus: Quem sou eu para você?

4. O texto da 2ª leitura está ainda naquele ambiente da recusa dos judeus em acolher Jesus como o Messias esperado e a consequente abertura do cristianismo para os pagãos. É essa sabedoria divina que Paulo contempla e proclama em sua ação no mundo e na vida de cada pessoa. Para ele, para além da nossa compreensão de certos fatos, mesmos dramáticos, existe um sentido que desconhecemos.

5. Essa narrativa do evangelho aparece, nos três evangelhos, como um elemento central. Na metade do caminho, Jesus sonda a compreensão dos seus discípulos sobre sua divindade. Também para nós a pergunta ecoa como um alerta a todo esse novo conhecimento de Jesus que se vai construindo em nossa sociedade e no mundo.

6. Não se trata de um conhecimento intelectual, de um conceito, mas de uma experiência de fé que atravessa a nossa existência e faz-nos caminhar acima de qualquer nova descoberta.

7. Ao celebrarmos Pedro e Paulo no mês de junho, reconhecemos essa primazia de Pedro no comando da Igreja, sendo ele a pedra, que sobre Cristo, a rocha, todo o edifício se edifica. Essa imagem de Pedro vai consolidando ao longo do evangelho, mesmo com suas fragilidades, mas sempre salientando que a fé em Jesus é que mantém tudo de pé, inclusive o próprio Pedro.

8. Como vimos no evangelho da travessia do mar da Galileia, as forças contrárias não impedirão o seu avanço, desde que se deixe guiar, levar pela mão. A questão do ligar e desligar, aqui pode ser compreendido com relação a sua autoridade em transmitir a doutrina de Jesus e decidir o que é conforme ou não com o evangelho.

9. Muitos talvez tenham dificuldade de compreender essa missão de Pedro, mas dentro do contexto do evangelho essa aparece mais como um serviço aos demais. Não se confunde com outras conotações políticas e certamente exige a nossa conversão em compreender o seu papel, sua missão e rezar pelo seu ministério hoje presente no Papa Francisco. Compreender também os traços de humildade e serviço com que deve se revestir a missão de cada cristão colocado à frente dos demais em nossas comunidades de fé.


 Pe. João Bosco Vieira Leite