(Nm 11,4-15; Sl 80[81]; Mt 14,13-21) 18ª Semana do Tempo Comum.
No dia 5 de agosto da semana passada
fizemos exatamente dois anos de reflexões semanais e assim fechamos esse ciclo
dos breves comentários aos textos do ano par e ímpar. Para dar sequência a essa
‘coluna’ e voltar-se sobre os mesmos textos da liturgia semanal, pretendo dar
uma atenção especial aos salmos que compõem o nosso quadro. Estes se repetem e
pode ser que tenha que tentar uma outra abordagem a partir dos mesmos textos
litúrgicos. Os salmos têm uma importância particular na espiritualidade bíblica
dos judeus e também dos cristãos. Eles são constantemente citados pois seu
conteúdo ou mesmo versículos ajudaram a levantar o ânimo, curar feridas e
enxugar muitas lágrimas. Neles encontramos expressadas as muitas emoções
humanas. Muitos memorizaram seus textos como quem aprendeu a rezar o Pai Nosso
ou a Ave Maria e os recitam todos os dias. O salmo de hoje nos é apresentado a
partir do v. 12 para dar voz ao lamento de Moisés, na 1ª leitura, que lamenta
com Deus o peso que se tornou a condução do povo pelo deserto e de sua
constante cobrança a ponto do próprio Moisés duvidar das intenções do Senhor. O
salmo lamenta essa falta de memória que nos prende ao hoje, ao imediatismo das
pessoas, sem perceber que é necessário manter desperto os ouvidos naquilo que
Deus nos diz, nos promete e já realizou. Deus poderia oferecer mais se seu povo
lhe fosse fiel, diz o salmista. As dificuldades que atravessam é fruto do
afastamento de suas leis, de Sua Palavra. Quantas vezes faltamos em nosso
compromisso com Deus por causa de uma outra atividade (sem medir aqui o grau de
sua importância ou não)? Sem uma mentalidade legalista, mas quantas vezes
perdemos o nosso encontro dominical, deixando de ouvir o que Deus nos propõe
para a vida? Ou mesmo encontrar aqueles que compartilham comigo da mesma fé e
se sentem motivados só pela minha presença? Nossas comunidades ficam
empobrecidas com a nossa ausência.
Pe. João Bosco Vieira Leite