Assunção de Maria 2017

(Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10.ab; Sl 44[45]; 1Cor 15,20-27a; Lc 1,39-56)

1. Nosso 20º Domingo do Tempo Comum sede lugar a essa solenidade da Assunção de Maria, celebrada no 15 de agosto tanto no Oriente como no Ocidente. O Oriente chama de festa da ‘Dormição’, enquanto o Ocidente chama de ‘Assunção’. Ambas contemplam a realidade desse trânsito de Maria para a vida eterna.

2. Como não temos informações precisas sobre como isso se deu, a Igreja celebra esse mistério a partir do que foi a vida de Maria na sua relação com Deus e com a causa do reino.

3. O evangelho da nossa missa a apresenta a partir do episódio da visitação e do seu canto da ação de graças. Tudo isso ocorre logo após a anunciação do anjo. A liturgia nos convida à contemplação desse caminhar de Maria como um sopro de Deus que se espalha ou se expressa através dela até Isabel, até João Batista e que retorna outra vez a Deus.

4. Diz um autor, de modo poético, que a canção divina que ela leva dentro de si vai chegando a todos por onde ela passa: “É bom se o homem faz cantar Deus nele” (Rabbí Elimelek).

5. Assim a sua viagem evoca Isaias 52,7: ‘Com são belos os pés do mensageiro que anuncia a salvação...’; o encontro entre Isabel e Maria evoca também o que foi lido na 1ª leitura da missa da vigília. Esta exclama diante da visita de Maria, como Davi ao saber da visita da Arca da Aliança. A arca era sede da presença de Deus e Maria, trazendo Cristo em seu ventre, sede da perfeita presença divina no meio dos homens.

6. Tudo leva a crer que Lucas parte desse fato para dizer que Maria é como a arca da nova aliança a caminho, como uma espécie de ‘ostensório’, dirá a piedade popular. O que a piedade popular já intuía, a Igreja proclama como dogma de fé em 1 de novembro de 1950. Esse espaço privilegiado da habitação divina foi preservado da corrupção da morte.

7. Aquela que contemplamos com o título de Nossa Senhora da Glória, e, portanto, ‘porta do céu’, aclama a ladainha, se desdobra em outras compreensões. A mãe elevada ao céu é mãe que carinhosamente vela pelos seus filhos, por isso o título de Rainha a acompanha no próximo 22 de agosto.

8. “O Rei e a Rainha não são, na Bíblia, títulos de nobreza, mas traduzem a dupla função de quem deve estar particularmente próximo de Deus e particularmente próximo dos homens. Para acolher de perto toda Palavra que vem do coração de Deus, e para trazer à humanidade a prosperidade, o bem-estar e a felicidade. Tal é a função do Rei e da Rainha” (D. Antonio Couto).

Senhora da Visitação ou da Saudação,/ que corres ligeira sobre os montes,/ Senhora da Assunção ou da Dormição,/ Santa Maria Rainha,/ vela por nós, fica à nossa cabeceira./ É bom ter a esperança como companheira.


Pe. João Bosco Vieira Leite