(Lv 25,1.8-17; Sl 66[67]; Mt 14,1-12)
17ª Semana do Tempo Comum.
Creio que citei esse texto do Levítico
quando da proclamação do jubileu da misericórdia conclamado pela Papa
Francisco, que nos remete à origem e sentido do ano jubilar. Israel teve
dificuldade de seguir a risca o que foi idealizado. Jesus inaugurou o único e
verdadeiro ano da graça do Senhor ao se apresentar na sinagoga de Nazaré (cf.
Lc 4,19). “A palavra ‘jubileu’ tem a sua origem no jôbel, o
chifre que se tocava para anunciar o seu início. O jubileu é um ‘grande sábado’
de repouso do trabalho cotidiano e de festa pela libertação recebida de Deus. O
repouso é para a terra, que é dom de Deus: o homem deve aprender a renunciar à
sua posse e desfrute indiscriminado. A festa é para o povo de Javé que, fazendo
memória da libertação da escravidão sofrida em terra estrangeira, restitui a
liberdade e a terra a todos os irmãos que, por motivos vários, caíram em
desgraça e as perderam. A origem do ano jubilar é absolutamente religiosa: é precisamente
a memória de Deus libertador que obriga quem o celebra a partilhar a obra de
libertação em favor de todos os homens. É reconhecer que tudo pertence a Javé,
que todos os bens provêm d’Ele e que o homem não pode tornar-se dono absoluto
de nada, nem da terra nem dos seus frutos e, muito menos, de outros homens” (Giuseppe
Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Nosso evangelho faz
memória da fidelidade do Batista a seus princípios e da sua consequente
rejeição, como Jesus no evangelho de ontem. O próprio Herodes confunde Jesus
com João, redivivo, que ele havia mandado matar. Nesse entrelace de vidas, João
antecipa no martírio a sorte de Jesus. O próprio poder tira a Herodes a
liberdade de escolha ou de seguir seu coração.
Pe. João Bosco Vieira Leite