Sábado, 05 de agosto de 2017

(Lv 25,1.8-17; Sl 66[67]; Mt 14,1-12) 
17ª Semana do Tempo Comum.

Creio que citei esse texto do Levítico quando da proclamação do jubileu da misericórdia conclamado pela Papa Francisco, que nos remete à origem e sentido do ano jubilar. Israel teve dificuldade de seguir a risca o que foi idealizado. Jesus inaugurou o único e verdadeiro ano da graça do Senhor ao se apresentar na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,19). “A palavra ‘jubileu’ tem a sua origem no jôbel, o chifre que se tocava para anunciar o seu início. O jubileu é um ‘grande sábado’ de repouso do trabalho cotidiano e de festa pela libertação recebida de Deus. O repouso é para a terra, que é dom de Deus: o homem deve aprender a renunciar à sua posse e desfrute indiscriminado. A festa é para o povo de Javé que, fazendo memória da libertação da escravidão sofrida em terra estrangeira, restitui a liberdade e a terra a todos os irmãos que, por motivos vários, caíram em desgraça e as perderam. A origem do ano jubilar é absolutamente religiosa: é precisamente a memória de Deus libertador que obriga quem o celebra a partilhar a obra de libertação em favor de todos os homens. É reconhecer que tudo pertence a Javé, que todos os bens provêm d’Ele e que o homem não pode tornar-se dono absoluto de nada, nem da terra nem dos seus frutos e, muito menos, de outros homens” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Nosso evangelho faz memória da fidelidade do Batista a seus princípios e da sua consequente rejeição, como Jesus no evangelho de ontem. O próprio Herodes confunde Jesus com João, redivivo, que ele havia mandado matar. Nesse entrelace de vidas, João antecipa no martírio a sorte de Jesus. O próprio poder tira a Herodes a liberdade de escolha ou de seguir seu coração.

Pe. João Bosco Vieira Leite