Segunda, 10 de junho de 2024

(1Rs 17,1-6; Sl 120[121]; Mt 5,1-12) 10ª Semana do Tempo Comum.

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” Mt 5,6.

“Sempre me disseram que a fome é das mais terríveis experiências. Não se trata de jejum, benéfico em todos os sentidos. Mas de fome. E Jesus fala de famintos de justiça. Não se trata da justiça humana, daquela que distribuem os juízes nos tribunais. Desta também temos falta, e quanta! Mas da justiça, que é sinônimo de santidade. Da justiça que reponta sempre de novo da carne humana: querer ser como Deus. Da justiça que se liga às saudades do céu que todo ser humano traz dentro de si, o que o Concílio Vaticano II chamou de ‘sementes de imortalidade’ (Gaudium et Spes, 18). A imortalidade e a santidade perfeita se exigem e são uma qualidade de Deus, que o homem sempre cobiçou para si. Jesus Cristo, ao assumir a carne humana, lhe deu condições de imortalidade. Por isso, nos diz no mesmo Sermão da Montanha (5,48): ‘Sede santos (perfeitos) como o Pai do Céu é santo (perfeito)’. É desta perfeição, desta santidade que devemos andar famintos e sedentos e sair loucamente à procura para saciá-la. A pessoa de Jesus, divina e humana ao mesmo tempo, seus ensinamentos, sua presença viva e vivificante na comunidade é a fonte podemos beber, e o alimento que pode nos saciar: ‘Quem vem a mim já não terá fome e quem crê em mim jamais terá sede!’ (Jo 6,35). Na verdade, não há outro alimento e outra bebida fora de Jesus Cristo que nos podem fazer sobreviver e saciar nossa ânsia de imortalidade, nosso desejo de sermos santos como o Pai do Céu é santo. O que poderia parecer o máximo de orgulho, é nosso destino normal, é a vontade de Deus a nosso respeito. Jesus ensinou qual caminho seguir. – Senhor, dá-me fome e sede de ti, de tua santidade! Eu sei que quanto mais te assimilo, mais te quero. Deixa-me querer-te sempre, até não mais ser eu que vivo, mas tu que vives em mim! Amém (Clarêncio Neotti – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite