(1Rs 18,41-46; Sl 64[65]; Mt 5,20-26) Santo Antônio de Pádua, presbítero e doutor da Igreja.
“Elias disse a Acab: ‘Sobe, come
e bebe, porque já ouço o ruido de muita chuva’” 1Rs
18,41.
“O povo acolheu JHWH como Deus e
Elias purificou Israel da presença dos profetas pagãos (cf. 1Rs 18,39-40):
finalmente a chuva volta para fecundar a terra e permite sair de um longo
jejum. O monte Carmelo, cenário do desafio de Elias, tona-se agora o lugar da
oração solitária do profeta. Mas o espírito de JHWH não deixa este homem de
Deus no seu isolamento feliz: recondu-lo rapidamente, e com uma rapidez que
bate em velocidade inclusive os carros do rei, ao palácio de Jezrael.
[Compreender a Palavra:] A imagem bíblica da chuva que cai do céu é densa de
significado. Terra árida, escassamente irrigada por cursos de água, a Palestina
dependia então quase totalmente da chuva, para a sua fecundidade e para a
própria sobrevivência dos habitantes. A chuva, não dominada pelo homem, ao
contrário dos rios que podem ser canalizados, aparece então como um dom
celeste, uma dádiva divina, imagem de uma graça não devida, que se derrama
sobre o homem para vivificar e fortificar. O profeta, sentinela do futuro, com
a sua insistente espera, com a sua atitude de profunda ação de graças, chega a
pressentir e a anunciar a graça que Deus está para derramar sobre a terra. A
eficácia narrativa do hagiógrafo surpreende-nos com o contraste entre o ténue
presságio de chuva, que vem do lado do mar, e o rumor benéfico da água que
serve para fertilizar a terra seca. A tradição cristã tem, ao longo dos
séculos, interpretado a nuvenzinha que sai do mar e vem sobre a terra fornecer
a chuva e a vida com uma imagem da Virgem Maria. A força do Senhor conduz
depois Elias a Jezrael: não obstante o seu significado de bom presságio (‘Deus
semeou’), este nome insere-se desde agora na narração bíblica como um
pressentimento de pecado e de desgraça: essa localidade será em breve teatro
sanguinolento do homicídio de Nabot (cf. 1Rs 21) e da matança da casa de Acab (cf.
2Rs 9-10)” (Giuseppe Casarin – Lecionário
Comentado [Tempo Comum – Semanas de I a XVII] – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite