(At 13,26-33; Sl 2; Jo 14,1-6) 4ª Semana do Tempo Pascal.
“Mas Deus o ressuscitou dos mortos e, durante
muitos dias, ele foi visto por aqueles que o acompanharam desde a Galileia até
Jerusalém. Agora eles são testemunhas de Jesus diante do povo” At 13,30-31.
“A
leitura continua com a narração da primeira intervenção de Paulo, na sinagoga
de Antioquia da Pisídia, apresentando a parte central: a morte e a ressurreição
de Jesus. O Apóstolo detém-se no paradoxo do drama da Paixão: a obstinação dos
habitantes de Jerusalém e dos seus chefes fez com que se cumprissem ‘as
palavras dos Profetas que se leem cada sábado’ (cf. v. 27). Com efeito, eles
condenaram um inocente... ‘Mas Deus ressuscitou-O dos mortos’ (v. 30). O
Ressuscitado confirmou os discípulos, os quais se tornaram ‘Suas testemunhas
diante do povo’ (v. 31). A promessa feita aos antepassados é assim cumprida (v.
32). [Compreender a Palavra:] As palavras de Paulo parecem severas: evocam a
responsabilidade de todos os que, embora não tendo encontrado em Jesus motivo
algum de condenação, pediram a Pilatos a Sua morte. Também Pedro, no seu
anúncio ao povo, tinha recordado o mesmo tema (cf. At 3,11-26), mas concedendo
uma atenuante: a ignorância dos judeus (At 3,17). Uma recusa, a dos habitantes
de Jerusalém e dos seus chefes que, se relembra a responsabilidade e a
liberdade das pessoas, permite todavia que o desígnio de Deus se cumpra. Com
efeito, em primeiro plano está o cumprimento da promessa feita aos
antepassados: no meio da infidelidade dos homens permanece firme a fidelidade
de Deus cujo poder é tão grande que pode vencer mesmo o mal mais terrível: a
morte. É este anúncio incrível, mas verdadeiro: um homem ressuscitou do sepulcro.
É o modo imprevisto com o qual Deus cumpriu em nosso favor a promessa de um
salvador que tinha feito aos antepassados. A atuação de Deus ultrapassa sempre
as expectativas do homem, mas fê-lo percorrendo caminhos que o homem nunca
escolheria. Assim, o salvador não o é porque fugiu à Cruz e ao sofrimento, mas
precisamente porque passou por eles, experimentando toda amargura, e foi
libertado. É interessante notar a interpretação do salmo (proposto hoje pela
liturgia) feita por Paulo: as palavras que Deus dirige ao Messias-Rei
reconhecendo-O como seu Filho, não são aplicadas ao nascimento de Jesus, mas à
Sua ressurreição” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma
- Páscoa] – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite