Quarta, 03 de abril de 2024

(At 3,1-10; Sl 104[105]; Lc 24,13-35) Oitava de Páscoa.

“Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: ‘Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!’

Jesus entrou para ficar com eles” Lc 24,29.

“Os discípulos insistem com Jesus que fique com eles, ‘pois a tarde está caindo; o dia começa a declinar’ (Lc 24,29). Isso é uma imagem da nossa vida. Quando dentro de nós está escurecendo, quando sobre a nossa alma a noite começa a cair, então podemos pedir ao Ressuscitado que fique conosco. Jesus entra na casa com os discípulos. Torna-se hóspede deles, para estar junto com eles. Isso não é apenas uma imagem da Ressurreição, mas também da celebração da Eucaristia. Na celebração da Eucaristia encontramo-nos com o ressuscitado. Lá ele está conosco, nos fala, nos interpreta a Eucaristia e nos desvela o mistério da nossa vida. Em seguida Lucas pinta a refeição do ressuscitado junto aos discípulos de Emaús com as mesmas palavras com que descreveu a última ceia. Jesus ‘tomou o pão, pronunciou o louvor, partiu o pão e lhes deu’ (Lc 24,30). Aí abrem-se os olhos dos discípulos. Reconhecem-no. Mas no mesmo instante ele se lhes torna invisível. ‘Aphantos’, invisível, é uma expressão típica do mundo das ideias gregas. Jesus desaparece da vista dos discípulos. Aí está o mistério da Ressurreição. O ressuscitado está conosco, pertinho de nós. Parte o pão para nós. Na celebração da Eucaristia ele se encontra conosco, fica invisível. Contudo, não podemos segurá-lo com os nossos olhos. Ressurreição, para Lucas, tem algo a ver, essencialmente, com ‘abril’. O nosso coração se abre (At 16,14), os nossos olhos se abrem (Lc 24,31). Nesta abertura é-nos dado contemplar o ressuscitado. Mas essa abertura significa também que deveremos soltá-lo. Sempre de novo ele desaparece da nossa vista. Ao abri-nos, porém, o coração, o espírito e os olhos, o ressuscitado acende em nós a chama do seu amor. As palavras e os atos de Jesus nos tocam no fundo do coração, e o coração ardente nos impele de volta para os outros. Assim, os dois discípulos, na mesma hora, de coração ardente, voltam para Jerusalém, a fim de contar para os demais discípulos o que vivenciaram. A experiência da Ressurreição nos põe a caminho para contar aos outros aquilo que vimos e ouvimos” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite