(At 9,1-20; Sl116[117]; Jo 6,52-59) 3ª Semana da Páscoa.
“Então
Jesus disse: ‘Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho
do Homem
e não
beberdes o seu sangue não tereis a vida em vós’” Jo 6,53.
“Prossegue
o discurso de Jesus pronunciado em Cafarnaum, no qual nos fala muito
explicitamente e com clareza sobre a Eucaristia. Aqui se repetem conceitos já
expressos anteriormente, ainda que com mudança notável: no lugar de dizer
‘aquele que crê’, como se expressou anteriormente, agora diz: ‘quem come a
minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna’. O efeito de crer e o de
comer a carne e beber o sangue de Cristo é o mesmo: a vida eterna. Essa vida
que é a participação da vida que é o próprio Jesus compartilha com o Pai e que
vem à alma cristã com a comunhão do corpo e do sangue de Jesus. Jesus fala sem
rodeios e com propriedade de termos: ‘...minha carne é verdadeiramente uma
comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida’ (v. 55). Dessa maneira,
anuncia-nos a instituição do Sacramento da Eucaristia no qual nos dá a comer
sua própria carne e a beber seu próprio sangue sob as espécies de pão e vinho.
Sacramento digno da admiração e da adoração agradecida do homem. Porque pela
Encarnação, Deus uniu-se a uma só natureza humana, a assumida pela natureza do
Verbo; porém Deus queria unir-se a todos e a cada um dos homens, e assim
escolheu uma forma admirável de chegar a isso. Pela Eucaristia, Deus une-se a
todas as pessoas que comungam. Deus ama-nos, e como o amor tende à união, Deus
une-se a nós quando comungamos. ‘Quem come a minha carne e bebe o meu sangue,
permanece em mim e eu nele’ (v. 56). ‘Quem come a minha carne e bebe o meu
sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia’ (v. 54); ‘...
aquele que comer a minha carne, viverá por mim’ (v. 57); ‘Quem come deste pão
viverá eternamente’ (v. 58). A forma iterativa de uma mesma ideia, que Jesus
emprega quase até a exaustão, chama a atenção; é que Jesus queria que a sua
ideia fosse bem compreendida sem subterfúgios possíveis e a prova de que os
discípulos a entenderem bem foi seu protesto ao dizer: ‘Isto é muito duro’ (v.
60). A Eucaristia é vida para a alma; assim como o alimento natural repara
nossas forças e nos conserva a vida natural, assim a Eucaristia repara nossas
forças sobrenaturais e nos dá a vida eterna. Santo Agostinho adverte: ‘Ao comer
a carne de Cristo e ao beber o seu sangue, transformamo-nos em sua substância’” (Alfonso Milagro – O
Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).
Pe. João
Bosco Vieira Leite