(Tb 2,9-14; Sl 111[112]; Mc 12,13-17)
9ª Semana do Tempo Comum.
“Então Jesus disse:
‘Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus’.
E eles ficaram
admirados com Jesus” Mc 13,17.
“Esta frase é uma das
mais repetidas sempre que se quer separar o sagrado do profano, o religioso do
político, a oração do trabalho profissional. Sempre que se quer acantonar a
religião à sacristia ou amarrá-la exclusivamente ao rito. Na verdade, esta dicotomia
é impossível, porque o homem é ao mesmo tempo religioso e político, trabalhador
e orante, mergulhado nas coisas de Deus e nas coisas da vida de cada dia. Seria
viver espiritualmente aleijado, se o homem quisesse ser só orante ou só
trabalhador. Sempre de novo volta esta tentação reducionista. Assim como o
homem é corpo e alma inseparáveis e em harmonia, o político e o religioso
formam unidade no homem equilibrado. E assim como é sinal de desequilíbrio o
cultivo exagerado do corpo em detrimento da alma, e vice-versa, também das
provas de imaturidade e insegurança quem supervaloriza o político ou o
econômico ou o laboral em detrimento do piedoso. A hipertrofia do religioso dá
em fanatismo. A hipertrofia do profano dá em secularismo. Cristo não manda separar
as duas dimensões, mas equilibrá-las. O grande problema é o esquecimento da
dimensão divina, o esquecimento dos direitos que Deus tem sobre nós e das
obrigações que assumimos com ele. Quem sai perdendo com esse desequilíbrio não
é Deus, porque Deus não precisa de nada nem de ninguém. Somos nós que perdemos.
É nossa vida que empobrece. Nesse sentido, há muito mais pobres de Deus do que
pobres de vestes e comida. A dimensão divina do homem não é apêndice ou
acessório. É integrante. É essencial. Está doente quem vive facultativa ou
esporadicamente. – Senhor Deus, em quem o Cristo me exortou, que eu
sinta em mim a tua seiva! Não tente levar vida separada da videira! Que eu
produza frutos que sejam tão divinos quanto humanos! Amém” (Clarêncio
Neotti – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite