(1Sm 24,3-21; Sl 56[57]; Mc 3,13-19)
2ª Semana do Tempo Comum.
“Então Jesus designou
doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar” Mc 3,14.
“Ser discípulo de
Cristo e viver em sua companhia é a suprema glória que um mortal possa aspirar.
Já seria muita honra servir a um rei deste mundo ou ser convidado por uma alta
autoridade eclesiástica para ser seu comensal e participar de alguma missão
religiosa. Imaginemos o que não significa, então, ser discípulo daquele que se
apresentou como o Filho do Homem e de Deus, servindo sob seu comando e
abraçando seu destino e missão? Foi para eles que os doze discípulos foram
escolhidos, com a graça suplementar de viver em sua companhia. Ninguém de nós
se consideraria digno de tal chamamento, e não o somos, em verdade. Mas a
dignidade, que não é nossa, no-la é oferecida por quem no-lo chama. Ela nos é
conferida por Cristo, ainda que nos consideremos pecadores e incapazes de
corresponder a ela. Assim devem ter-se sentido os doze, gente simples e
rústica, pescadores incultos e pecadores sinceros e sem hipocrisia. Somos até
tentados, às vezes, a nos comparar com os primeiros apóstolos e, se caíssemos
nesta tentação, talvez nos sentíssemos melhores que eles. Mas esta comparação
seria falsa, além de inócua. Estaríamos, com isso, medindo apenas valores
humanos, sempre relativos e até volúveis. Deus nos mede diferentemente. O metro
é dele, como também sua graça e fortaleza. Qualquer pessoa pode ser discípula
de Jesus, contanto que Deus a escolha e a envie a sua frente para pregar o seu
Evangelho. Não coloquemos nossas qualidades como mérito em nosso favor. Antes,
abramos o coração para a voz de Deus, aceitando-nos em nossa pobreza e
confiando em sua graça. Só ela é salvadora. Nós somos apenas instrumentos em
suas mãos onipotentes e misericordiosas. – Senhor Deus, bom e grande,
aceita-nos como somos e modelai-nos como quiserdes. Somos pouco ou nada, mas
estamos a vosso dispor. Amém” (Neylor J. Tonin – Graças
a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite