(Is 60,1-6; Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12)
1. Quando se lê sobre os
magos no evangelho, muitas são as perguntas que se levantam e as respostas não
são fáceis. Muitos tentam responder recorrendo a pesquisas e outras fontes
extras bíblicas. Mas como em outras páginas do Evangelho, mais que colocar perguntas
sobre o que não diz, devemos prestar atenção ao que diz.
2. Depois de trabalhar a genealogia de
Jesus, para assinalar seu enraizamento na história de Israel, Mateus nos fala
sobre sua verdadeira origem e vai conduzindo nosso olhar para a realidade do
acolhimento de Jesus por parte daqueles para quem Ele veio.
3. No nosso evangelho não percebemos
nenhuma ação da parte do Menino, de Maria ou José. Quem atua é Deus e os
personagens ao redor, e suas atuações estão relacionadas ao Menino. E aqui
podemos distinguir três grupos de pessoas.
4. Os magos, que o buscam com certa
tensão e querem render-lhe homenagem; os sumos sacerdotes e mestres da lei que
conhecem o lugar do nascimento, mas não se interessam por ele; Herodes, que vê
ameaçado seu próprio poder por esta criança e quer eliminá-la.
5. E assim Mateus traça um retrato do
futuro ministério de Jesus que se verá rodeado por pessoas do mesmo gênero.
Alguns experimentarão a alegria do reconhecimento, outros serão indiferentes e
a perseguição acompanhará todas as fases da sua vida.
6. A figura dos magos nos chama a
atenção em sua busca. Considerados astrônomos, muito comum na região da
Mesopotâmia, certamente tinham conhecimento da esperança messiânica dos judeus.
No âmbito de sua disciplina, eles recebem uma indicação do nascimento do
Messias e um impulso para empreender o caminho.
7. Não há um itinerário preciso, mas
sob esse impulso, assumem todo esforço e empreendem a marcha. Quando chegam a
Jerusalém, pensam que é a meta, mas são remetidos a outro lugar. A Palavra que
eles ouviram não só indica o local, mas quem é Aquele que buscam. Deus lhes dá
uma nova luz.
8. Temos o gesto de reconhecimento dos
magos que se prostram. Esse mesmo gesto se repetirá em Mateus por parte de
algumas pessoas que serão curadas, reconhecendo o poder e a dependência de
Jesus. Os discípulos se prostram ao reconhecerem Jesus como Filho de Deus e o
farão de novo no encontro com Ele Ressuscitado.
9. Os magos se prostram ante o Menino,
que carece de todo esplendor e de todo poder exterior; que não lhes diz nada
nem lhes oferece nada, mas na fé O reconhecem como seu Senhor, como Rei e
Pastor também dos pagãos. Uma fé em estado puro, que sinaliza sucessivos
reconhecimentos de Jesus, o Senhor.
10. Nas antigas representações da
adoração dos magos eles aparecem em número de três: um jovem, um mais maduro e
um ancião; um asiático, outro europeu e outro africano. Em nada corresponde ao
texto literal, mas busca captar o espírito do Evangelho de Mateus.
11. Todas as idades da vida e os homens
de todos os continentes chegam à meta quando se encontram diante deste Menino e
o reconhecem como seu Rei e Senhor.
12. Ele veio para todos, para jovens e
velhos, para sábios e iletrados, para homens e mulheres de todas as cores e de
todas as formas de vida; veio para fazer-nos conhecer a Deus como Pai e levar à
sua vida uma luz nítida através de uma confiança plena.
13. Como os magos, os homens não devem
deixar-se desviar do caminho até Ele; devem seguir a orientação dada por Deus e
chegar até Ele. Coloquemo-nos também nós a caminho nesse itinerário que nos
propõe a Liturgia dominical.
Pe. João Bosco Vieira Leite