(1Jo 3,7-10; Sl 97[98]; Jo 1,35-42)
Tempo do Natal.
“Todo aquele que
nasceu de Deus não comete pecado, porque a semente de Deus fica nele;
ele não pode pecar,
pois nasceu de Deus” (1Jo 3,9).
“Nos versículos que
antecedem o texto de hoje, o Pai fora proclamado ‘justo’ porque justifica, e a
‘epifania’ de Cristo era lembrada com a finalidade de ‘tirar os pecados’. Na
leitura de hoje, João afirma com força que também Cristo é ‘justo’, porque
praticou a justiça: com efeito destruiu as obras do diabo, princípio de negatividade
presente no mundo. E também quem ‘nasceu de Deus’ por praticar uma justiça
semelhante, que no fim se traduz em amor ao próximo, é declarado justo. Os
critérios que nos permitem saber por quem fomos gerados ou, por outras
palavras, para verificarmos em nome de quem estamos agindo, são expressos por
São João duma forma simples e grandiosa: se praticarmos a justiça vimos de Deus
e estamos em sintonia com Cristo. Esta seção assenta numa divisão nítida entre
aqueles que aderem a Cristo e não pecam, porque conseguem praticar a justiça, e
aqueles que agem sob o influxo do ‘pecador por essência’, ou o falhado por
essência. Sem atingir tons apocalípticos, por detrás das ações dos bons e dos
maus distingue-se a luta entre o diabo e Cristo: o primeiro leva ao caos
primitivo com a sua tendência para ser ‘sem lei’; o segundo, ao invés, intervém
para destruir todas as tentativas de desorganização dos filhos do diabo.
‘Permanece nele uma semente divina, e não pode pecar’ (v. 9): a afirmação faz
vir à memória o valor do verbo ‘gerar’ que indica uma ação continuada do
gerador para o gerado; se o cristão permanece neste fluxo de vida, a vitória
sobre o pecado está assegurada. A afirmação final do texto diz-nos que
‘praticar a justiça’ não é colocar-se irresponsavelmente à parte das situações,
mas significa entrar decididamente nelas colocando-se do lado do mais fraco” (Giuseppe
Casarin – Lecionário Comentado [Advento – Natal] – Paulus).
Pe. João
Bosco Vieira Leite