Sábado, 04 de janeiro de 2020


(1Jo 3,7-10; Sl 97[98]; Jo 1,35-42) 
Tempo do Natal.

“Todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado, porque a semente de Deus fica nele;
ele não pode pecar, pois nasceu de Deus” (1Jo 3,9).

“Nos versículos que antecedem o texto de hoje, o Pai fora proclamado ‘justo’ porque justifica, e a ‘epifania’ de Cristo era lembrada com a finalidade de ‘tirar os pecados’. Na leitura de hoje, João afirma com força que também Cristo é ‘justo’, porque praticou a justiça: com efeito destruiu as obras do diabo, princípio de negatividade presente no mundo. E também quem ‘nasceu de Deus’ por praticar uma justiça semelhante, que no fim se traduz em amor ao próximo, é declarado justo. Os critérios que nos permitem saber por quem fomos gerados ou, por outras palavras, para verificarmos em nome de quem estamos agindo, são expressos por São João duma forma simples e grandiosa: se praticarmos a justiça vimos de Deus e estamos em sintonia com Cristo. Esta seção assenta numa divisão nítida entre aqueles que aderem a Cristo e não pecam, porque conseguem praticar a justiça, e aqueles que agem sob o influxo do ‘pecador por essência’, ou o falhado por essência. Sem atingir tons apocalípticos, por detrás das ações dos bons e dos maus distingue-se a luta entre o diabo e Cristo: o primeiro leva ao caos primitivo com a sua tendência para ser ‘sem lei’; o segundo, ao invés, intervém para destruir todas as tentativas de desorganização dos filhos do diabo. ‘Permanece nele uma semente divina, e não pode pecar’ (v. 9): a afirmação faz vir à memória o valor do verbo ‘gerar’ que indica uma ação continuada do gerador para o gerado; se o cristão permanece neste fluxo de vida, a vitória sobre o pecado está assegurada. A afirmação final do texto diz-nos que ‘praticar a justiça’ não é colocar-se irresponsavelmente à parte das situações, mas significa entrar decididamente nelas colocando-se do lado do mais fraco” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Advento – Natal] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite