Quarta, 29 de janeiro de 2020


(2Sm 7,4-17; Sl 88[89]; Mc 4,1-20) 
3ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus começou a ensinar de novo às margens do mar da Galileia. [...]
Jesus ensinava-lhes muitas coisas em parábolas” Mc 4,1a.2a.

“Marcos faz Jesus interromper suas atividades para dar lugar a um longo discurso. Na primeira parte do evangelho, durante a atuação de Jesus na Galileia, Jesus explica por meio de três parábolas qual deve ser sua atividade. Na terceira parte, que descreve a estada em Jerusalém, num segundo grande discurso Jesus fala do fim dos tempos e daquilo que haverá de acontecer no mundo a partir de sua morte na cruz e em consequência dessa morte e de sua ressurreição, ou seja, como o mundo haverá de chegar ao fim por sua intervenção. No capítulo quatro, o tema central é a atuação de Jesus, que inclui suas obras poderosas e a proclamação da palavra. Jesus está a serviço de Deus lançando a semente divina para que esta brote no coração dos homens. Jesus explica a chegada do Reino: este virá por meio do próprio Jesus, por meio de suas obras e da palavra semeada por ele. Mas sua palavra não encontra terreno fértil em todas as pessoas. Ela cai no caminho, cai em solo pedregoso e entre os espinhos. Mas quando cai em terra boa produz muitos frutos. O próprio Jesus explica a seus discípulos porque fala em parábolas (4,10-12). O Reino de Deus só pode ser entendido pelos homens aos quais foi confiado o mistério do Reino. Os discípulos se tornam iniciados no mistério de Deus. Para os outros, ‘os de fora’, as parábolas guardam um caráter enigmático. Hoje, essa afirmação nos parece estranha. Mas é dessa maneira que Marcos justifica o número reduzido de pessoas que acreditam em sua mensagem. Tudo permanece enigmático para aqueles que não adotaram o caminho proposto por Jesus. É uma palavra consoladora para nós que vivemos hoje. Muitos cristãos sofrem com o fato de serem tão poucos os que se abrem à mensagem de Jesus. Quem está do lado de fora, quem não entrou no Reino de Deus, quem não está em contato com seu mundo interior, com sua alma, não pode entender as palavras de Jesus. Elas continuam enigmáticas até que Deus mesmo toque o coração do indivíduo para abri-lo ao mistério de sua palavra” (Anselm Grun – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite