(2Sm 7,4-17; Sl 88[89]; Mc 4,1-20)
3ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus começou a
ensinar de novo às margens do mar da Galileia. [...]
Jesus ensinava-lhes
muitas coisas em parábolas” Mc 4,1a.2a.
“Marcos faz Jesus
interromper suas atividades para dar lugar a um longo discurso. Na primeira
parte do evangelho, durante a atuação de Jesus na Galileia, Jesus explica por
meio de três parábolas qual deve ser sua atividade. Na terceira parte, que
descreve a estada em Jerusalém, num segundo grande discurso Jesus fala do fim
dos tempos e daquilo que haverá de acontecer no mundo a partir de sua morte na
cruz e em consequência dessa morte e de sua ressurreição, ou seja, como o mundo
haverá de chegar ao fim por sua intervenção. No capítulo quatro, o tema central
é a atuação de Jesus, que inclui suas obras poderosas e a proclamação da
palavra. Jesus está a serviço de Deus lançando a semente divina para que esta
brote no coração dos homens. Jesus explica a chegada do Reino: este virá por
meio do próprio Jesus, por meio de suas obras e da palavra semeada por ele. Mas
sua palavra não encontra terreno fértil em todas as pessoas. Ela cai no
caminho, cai em solo pedregoso e entre os espinhos. Mas quando cai em terra boa
produz muitos frutos. O próprio Jesus explica a seus discípulos porque fala em
parábolas (4,10-12). O Reino de Deus só pode ser entendido pelos homens aos
quais foi confiado o mistério do Reino. Os discípulos se tornam iniciados no
mistério de Deus. Para os outros, ‘os de fora’, as parábolas guardam um caráter
enigmático. Hoje, essa afirmação nos parece estranha. Mas é dessa maneira que
Marcos justifica o número reduzido de pessoas que acreditam em sua mensagem.
Tudo permanece enigmático para aqueles que não adotaram o caminho proposto por
Jesus. É uma palavra consoladora para nós que vivemos hoje. Muitos cristãos
sofrem com o fato de serem tão poucos os que se abrem à mensagem de Jesus. Quem
está do lado de fora, quem não entrou no Reino de Deus, quem não está em
contato com seu mundo interior, com sua alma, não pode entender as palavras de
Jesus. Elas continuam enigmáticas até que Deus mesmo toque o coração do
indivíduo para abri-lo ao mistério de sua palavra” (Anselm Grun – Jesus,
Caminho para a Liberdade – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite