Segunda, 20 de janeiro de 2020

(1Sm 15,16-23; Sl 49[50]; Mc 2,18-22) 
2ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus respondeu: ‘Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar”. Mc 2,19.

“Em muitas lendas, o casamento é a imagem da realização plena do indivíduo. Todos os antagonismos do ser humano se fundem: homem e mulher, céu e terra, luz e trevas. Assim, Jesus mostra, nessa imagem do casamento, o que ele entende por espiritualidade: esta não é, em primeiro lugar, o caminho da renúncia, e sim o caminho da integração. Ela tenta unir em si e em Deus o céu e a terra e todos os antagonismos da alma humana. Sua imagem de Deus e do homem é marcada pela alegria e confiança, pela disposição de comemorar com uma festa a dedicação de Deus e do ser humano. Essa comemoração não combina com o jejum. Os discípulos não jejuam porque experimentam a proximidade de Jesus como sendo a proximidade do noivo divino. Mas Jesus declara aos fariseus que os discípulos também deverão jejuar um dia, ou seja, quando ele lhes for tirado pela morte. Será então um jejum motivado pelo luto. Na Igreja primitiva, cedo passou a ser adotada a prática do jejum dos judeus. A diferença estava nos dias escolhidos para o jejum: as quartas e sextas-feiras. Pelo jejum, os primeiros cristãos se uniam àquele Jesus que supera o poder dos demônios com sua impotência, cujo caminho levou pela cruz à ressurreição. Nosso caminho espiritual inclui os dois aspectos: a festa da união com Deus, mas também o jejum que nos faz suportar os momentos de ausência de Deus, quando nosso caminho se transforma numa via-sacra em que nós também precisamos enfrentar as forças demoníacas que se opõem à nossa realização individual plena” (Anselm Grun – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite