Segunda, 13 de janeiro de 2020


(1Sm 1,1-8; Sl 115[116]; Mc 1,14-20) 
1ª Semana do Tempo Comum.

“O tempo já se completou e o reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no evangelho” Mc 1,15.

“Em seguida, Marcos descreve a mensagem proclamada por Jesus. São frases concisas: ‘Cumpriu-se o tempo, e o Reinado de Deus aproximou-se. Convertei-vos e crede no Evangelho’.  (1,15). O termo grego para tempo, ‘Kairos’, quer dizer o momento certo, aquilo que é a essência do tempo, seu significado mais profundo. O tempo se cumpriu, chegou à sua plenitude. O Reino de Deus está próximo. A proximidade de Deus faz que o ser humano possa viver verdadeiramente. Só na proximidade de Deus o ser humano se aproxima do seu ser verdadeiro. E o tempo só chega à sua plenitude porque Deus está próximo. Os místicos, sobretudo Mestre Eckhart, gostavam de pregar sobre a plenitude do tempo. Deus, que está acima de todo tempo, entra no tempo e o completa. Jesus não anuncia o juízo, mas sim a proximidade salvadora de Deus. Cabe ao homem reagir a essa situação, não fazendo penitência, mas convertendo-se. A palavra grega ‘metanoeite’ significa originalmente: ‘Mudem de ideia, pensem de outra maneira. Vejam o que há atrás das coisas; assim havereis de descobrir a proximidade de Deus’. Jesus quer abrir os olhos dos homens, para que enxerguem Deus em tudo. Deus já está presente. Não precisamos pedir que ele venha. Basta abrirmos os olhos, para que o vejamos em toda parte. Na palavra grega ‘metanoeite’ ressoa também o significado da palavra hebraica da qual foi traduzida: virar-se, voltar, dar a volta, tomar outro caminho. Os hebreus partem do princípio de que o ser humano se mete frequentemente em caminhos errados que não levam à salvação e sim a desvios e descaminhos. Estes o ser humano deve abandonar, para colocar-se no caminho certo. Se estiver no caminho que leva à perdição, deverá voltar, retornar ao ponto de origem. A volta deve ser acompanhada da fé. O evangelista usa uma expressão estranha: crede dentro do Evangelho, tende confiança dentro do Evangelho. Talvez devamos compreendê-la assim: quem mora dentro da Boa-Nova, quem ouve as palavras de modo que estas possam morar nele, sente crescer em si a confiança. Ele ganha uma nova capacidade de ver, uma base firme em meio às inseguranças do mundo. O Evangelho é para Marcos o Evangelho de Jesus Cristo. De modo que a conversão implica também a confiança na pessoa de Jesus. É ele que abre os olhos do ser humano. É ele que lhe mostra o caminho que leva realmente à vida. E é ele que lhe dá uma base segura, que lhe inspira uma confiança incondicional em Deus que não pode ser abalada nem pela resistência dos adversários nem por derrotas externas” (Anselm Grun – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite