(Ef 4,1-6; Sl 23[24]; Lc 12,54-59)
29ª Semana do Tempo Comum.
“Hipócritas! Vós
sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis
interpretar o tempo presente?” Lc 12,56.
“Antes de partir para
o céu, Jesus prometeu a seus Apóstolos o Espírito. O Espírito, ademais, Jesus
havia prometido a todos os futuros cristãos. Mas o Espírito que é para todos é
dado a cada qual de acordo com a sua própria responsabilidade: vocês conhecem a
confidência de Cristo: ‘Ele vos dirá tudo o que é preciso fazer, tudo que é
necessário dizer’. Cada pessoa não tem as mesmas coisas a dizer, as mesmas
coisas a fazer. E o Espírito é dado segundo a responsabilidade própria de cada
um. Não devemos crer que o Espírito seja algo mecânico que nos entrega soluções
prontas... Não, não é dessa maneira que o Espírito é dado. O Espírito nos ajuda
em todos os acontecimentos, em tudo que se passa... a fazer referência ao
Evangelho, ao que Cristo disse. O Papa João XXIII falava de ‘sinais dos
tempos’: os acontecimentos percebidos sob a luz do Espírito e explicados por
meio do Evangelho são sinais dos tempos! Importa interpretá-los segundo e
Evangelho, na Igreja. A apreciação não se impõe automaticamente: é preciso que
me deixe convencer na oração, na contemplação. E depois, quando eu houver
discernido, devo ainda repartir meu discernimento pela comunidade dos cristãos;
pois não sou eu só que testemunho o Evangelho de Jesus Cristo, todos os
cristãos estão comigo. Não é suficiente ter discernido só, pelo Evangelho, a
presença do Espírito na vida, em tal acontecimento; é preciso ainda ver os
cristãos, ajuda-los, eles também, a fazer a mesma caminhada, a mesma reflexão.
Anunciar o Evangelho será sempre difícil: quando Agostinho, Ambrósio, Atanásio
o anunciaram, eles tiveram também contraditores... Ter-se-ia a tentação,
algumas vezes, de abandonar, de deixar tudo, digamos o termo, de ‘demissionar-se’
diante da responsabilidade; não se deve fazer isso. Vejam Nosso Senhor no
deserto: o Espírito impeliu-O ao deserto; ele lhe propôs tentações, as de
livrar-se disso, de passar de lado. Seu combate foi de prosseguir sem
compromisso, o do Pai, para os homens. Foi este combate espiritual que Ele
levou ao deserto: aproveitou o silêncio e a oração para ‘purificar’ (se assim
posso dizer) as proposições que lhe eram feitas: o poder, o dinheiro, os bens;
Ele purificou isto, a fim de se comprometer para sempre. Eu tenho meu deserto
também, meu escritório, a Igreja, onde, também eu, só com Deus, me encontro...” (Cardeal Marty
– Leituras do Povo de Deus (Fazer referência ao Evangelho) –
Editora Beneditina – Salvador – Ba).
Pe. João Bosco Vieira Leite