Segunda, 15 de outubro de 2018


(Gl 4,22-24.26-27.31—5,1; Sl 112[113]; Lc 11,29-32) 
28ª Semana do Tempo Comum.

Hoje a Igreja faz memória de Santa Teresa de Jesus, uma referência para os que buscam a sua união com Deus através de uma vida de oração e muitas vezes se vêm em grande dificuldade de lidar com a mesma. Essa carmelita, além de tantas outras virtudes com as quais Deus a revestiu, lutou por muito tempo para manter-se concentrada em Deus. Lhes ofereço esse comentário:

“Não desanimemos se, apesar de tudo, a oração nos custa, se temos distrações, se parece que não obtemos muito fruto. O desalento é, em muitas ocasiões, a maior dificuldade para perseverarmos na oração. Santa Teresa também nos relata as suas lutas e as suas dificuldades: ‘Durante alguns anos, muitíssimas vezes, mais me ocupava em desejar que terminasse o tempo que fixara para ter oração e em escutar se o relógio dava as horas, do que em outras coisas boas; e fartas vezes não sei que penitência grave se me apresentaria que eu não a acometesse de melhor vontade do que recolher-me a orar mentalmente’. Se procurarmos afastar as distrações e nos empenharmos em buscar mais o Deus dos consolos do que os consolos de Deus, como sublinharam tantos autores espirituais, a nossa oração terminará sempre cheia de frutos. Muitas vezes, será até um grande bem não experimentarmos nenhum consolo sensível, para assim procurarmos Jesus com maior retidão de intenção e unirmo-nos mais intimamente a Ele. Às vezes, essa aridez que se experimenta na oração não é uma prova de Deus, mas resultado de uma verdadeira falta de interesse em falar com Ele, de falta de preparação interior, de falta de generosidade em dominar a imaginação... Temos de saber retificar com generosidade e prontidão. ‘Em todo caso, quem se empenha seriamente deve saber que virão tempos em que lhe parecerá vaguear por um deserto e em que, apesar de todos os seus esforços, não ‘sentirá’ nada de Deus. Deve saber que ninguém que leve a sério a oração consegue estar totalmente livre dessas provas. Mas não deve identificar imediatamente esta experiência, comum a todos os cristãos que rezam, com a noite escura de tipo místico. De qualquer modo, nesse período, deve esforçar-se firmemente por persistir na oração; ainda que tenha a impressão de uma certa ‘artificialidade’, deve saber que se trata na verdade de algo completamente diverso: é precisamente então que a oração constitui uma expressão da fidelidade a Deus, em cuja presença quer permanecer apesar de não ser recompensado por nenhuma consolação subjetiva’ (Sagrada Congregação para doutrina da Fé, Sobre alguns aspectos da meditação cristã). Agora, como nos tempos conturbados de Santa Teresa, ‘é precisa muita oração’, pois ‘é grande neste momento a sua necessidade’ (Sta. Teresa – Carta 184,6). A Igreja, a sociedade, as famílias e as nossas almas precisam dela. A oração permitir-nos-á vencer todas as dificuldades e unir-nos-á a Jesus, que nos espera diariamente no trabalho, nos nossos deveres familiares..., e de maneira particular nesse tempo que dedicamos somente a Ele” (Francisco Fernadez-Carvajal – Falar com Deus– Quadrante).  
  
Pe. João Bosco Vieira Leite